A redenção de uma polícia que parou uma detenção violenta e foi despedida
Há 15 anos, a agente Cariol Horne impediu um colega de agredir um suspeito afro-americano que estava algemado. Acabou por ser despedida. Só agora conseguiu justiça.
© Ty Wright/Bloomberg via Getty Images
Mundo Cariol Horne
Em 2006, a agente da polícia Cariol Horne foi chamada como reforço para uma detenção que, aparentemente, se tinha agravado, em Buffalo. Ao chegar ao local, encontrou um colega seu a esmurrar repetidamente o suspeito, algemado. Cariol interveio quando o colega colocou o braço em torno do pescoço do suspeito (mata-leão), com outros agentes a assistir. Acabou por ser despedida.
Agora, 15 anos depois, Cariol encontrou, finalmente, justiça.
Os factos remontam a novembro de 2006. Um homem e uma mulher entraram num conflito doméstico, por causa do alegado roubo de um cheque da segurança social. Foi chamada a polícia e quando os agentes chegaram ao local, a situação tornou-se violenta.
A agente disse que chegou ao local e que o colega, Kwiatkowski, estava "num acesso de raiva" a esmurrar repetidamente um homem negro que se encontrava algemado, enquanto outros colegas assistiam. Cariol, que é afro-americana, disse que ouviu o suspeito a dizer que não conseguia respirar e viu o colega a colocar o braço em torno do seu pescoço, para o colocar inconsciente (uma prática conhecida como mata-leão).
Foi nessa altura que Cariol interveio e afastou Kwiatkowski à força, tendo-se ambos envolvido numa luta. Na sequência do incidente, Cariol Horne foi transferida de departamento e processada, por ter usado força contra o colega. Uma investigação interna ilibou o agente Kwiatkowski de todas as acusações. Cariol foi despedida em maio de 2008, apenas a um ano de completar duas décadas ao serviço na polícia - o necessário para conseguir reforma completa -, e Kwiatkowski foi promovido a tenente no mesmo ano.
Ao longo dos anos, a agente tentou contestar a decisão várias vezes, sempre sem sucesso.
Na semana passada, um juiz estadual anulou a decisão que validava o seu despedimento, garantindo-lhe o acesso à reforma completa e aos benefícios que lhe tinham sido anteriormente negados. "O sistema legal deve, no mínimo, ser um mecanismo que assegura a prevalência da justiça, ainda que tardiamente", anunciou o juiz Dennis E. Ward, citado pelo New York Times, numa decisão onde foram mencionados os casos de George Floyd e Eric Garner, dois afro-americanos que morreram às mãos da polícia, por estrangulamento.
Em comunicado, Cariol Horne, agora com 53 anos, congratulou-se com a decisão. "A minha restituição vem com um custo de 15 anos, mas o que se ganhou aqui não pode ser mensurado. Nunca quis que um outro agente da polícia passasse pelo que eu passei por fazer aquilo que é certo".
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