Polícia marroquina dispersa concentração de apoio a jornalistas presos
A polícia marroquina dispersou hoje uma concentração convocada no centro de Rabat para exigir a libertação dos jornalistas Omar Radi e Souleimane Raissouni, ambos em greve de fome desde a passada semana enquanto aguardam os processos em prisão preventiva.
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Mundo Marrocos
Dezenas de pessoas responderam à convocatória do Comité para a Libertação dos Presos de Opinião em Marrocos, apesar da expressa proibição de manifestações de rua em Rabat justificada por motivos sanitários.
Um número muito superior de polícias fardados e à civil, apoiados por uma força de intervenção, tinham ocupado o local da concentração, frente ao parlamento, e um oficial da polícia leu com a ajuda de um megafone a proibição do protesto e as penalizações e multas que poderiam ser aplicadas aos manifestantes.
Os ativistas apenas conseguiram ecoar algumas palavras de ordem pela liberdade de expressão e libertação dos jornalistas antes de serem rodeados por polícias, expulsos do local e por fim dispersos.
Esta foi a segunda vez que o Comité convoca uma concentração pela libertação de Rasi e Suleiman -- os dois jornalistas mais críticos face ao regime --, mas no anterior protesto que decorreu há um mês, os manifestantes foram impedidos de se concentrar e de imediato dispersos de forma musculada.
Soulaimane Raissouni, editor-chefe do diário Ajbar al Yaum (atualmente inativo), foi detido em maio de 2020 e está indiciado por alegado abuso sexual de um jovem homossexual.
No passada quarta-feira, o jornalista decidiu iniciar uma greve de fome e de sede por tempo indeterminado.
Na quarta-feira, a família de Soulaimane Raissouni anunciou, entretanto, que o jornalista voltou a beber água.
Omar Radi, detido em 29 de julho e que iniciou a greve de fome no sábado passado, está processado por crime de violação contra uma colega de trabalho e de atentar contra a segurança do Estado marroquino por presumíveis contactos com um agente dos serviços secretos britânicos.
Os dois jornalistas contestam o facto de estarem presos preventivamente há quase um ano e criticam a campanha difamatória de que dizem estar a ser alvo por parte dos meios de comunicação social oficiais e pró-poder.
Na quarta-feira, um manifesto para pedir a sua libertação enquanto se aguarda o julgamento começou a circular entre os jornalistas marroquinos, com cerca de 200 assinaturas até ao momento. O texto solicita um julgamento justo, "um clima de calma favorável às liberdades neste país" e o "respeito pelo direito ao exercício da liberdade de expressão e difusão de informações e ideias pelos jornalistas".
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