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ONU denuncia "fome, execuções e violações de mulheres" no Tigray

Militares e milícias armadas continuam a cometer atrocidades contra a população da região etíope de Tigray, incluindo execuções e violações de mulheres, e há registo de mortes por fome, afirmou hoje o secretário-geral adjunto da ONU.

ONU denuncia "fome, execuções e violações de mulheres" no Tigray
Notícias ao Minuto

00:07 - 16/04/21 por Lusa

Mundo Tigray

Num briefing ao Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação na província etíope palco de um conflito desde novembro de 2020, o secretário-geral adjunto Mark Lowcock, responsável pelos assuntos humanitários, de conta de "um agravamento da crise humanitária", na ausência de um cessar-fogo, sendo necessário "aumentar significativamente a assistência" à população. 

Pelo menos 4,5 milhões dos quase seis milhões de habitantes de Tigray precisam de ajuda humanitária, e o próprio governo etíope calcula que 91% da população precisa de ajuda alimentar de emergência, disse Lowcock, citado pela AFP.

Sobre os relatos de violação sexual de mulheres, o responsável da ONU disse que na maioria dos casos são cometidas por homens uniformizados, das Forças De Defesa Nacional da Etiópia, mas também por militares da Eritreia - que entraram no país em apoio ao governo etíope contra uma sublevação da minoria tigray - e ainda por forças especiais da etnia amhara e outros grupos armados irregulares ou milícias.

"Não há dúvida de que a violência sexual é usada neste conflito como uma arma de guerra, como um meio para humilhar, aterrorizar e traumatizar uma população inteira hoje e na sua próxima geração", disse Mark Lowcock no briefing à porta fechada, apelando à cessação das hostilidades. 

Quanto aos militares da Eritreia a operar na região, afirmou, devem "acabar com as atrocidades e retirar-se", não se ficando pelo anúncio de que irão sair, como até agora.

"Infelizmente, devo dizer que nem a ONU nem qualquer uma das agências humanitárias com as quais trabalhamos viram provas da retirada da Eritreia", ao contrário do que o Governo etíope havia anunciado, adiantou. 

"Ouvimos alguns relatos de soldados eritreus que agora usam uniformes das Forças de Defesa da Etiópia, (...) mas independentemente do uniforme ou insígnia, os trabalhadores humanitários continuam a relatar novas atrocidades que acreditam estar a ser cometidas pelas forças de defesa da Eritreia", disse Lowcock.

O secretário-geral adjunto da ONU adiantou que "recebeu esta semana um primeiro relatório sobre quatro pessoas deslocadas que morreram de fome", com as agências humanitárias no terreno a registarem dificuldades em ter acesso à população, devido aos combates intermitentes e falta de meios, estando o número de deslocados calculado em 1,7 milhões.

A Amnistia Internacional denunciou hoje que alegados soldados eritreus mataram pelo menos três pessoas e feriram outras 19 ao dispararem sobre civis na região de Tigray.

Segundo testemunhos recolhidos pela Amnistia Internacional, os soldados eritreus, reconhecíveis pelos seus uniformes, abriram fogo sobre os residentes numa das principais ruas da cidade de Adwa, perto da estação de autocarros.

Os testemunhos confirmam os relatos da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).

A Amnistia Internacional pediu uma investigação internacional ao ataque e, a nível mais geral, às violações dos direitos humanos, incluindo possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade, que possam ter acontecido desde o início do conflito em Tigray, em 04 de novembro.

O executivo da Eritreia negou, anteriormente, relatos de abusos por soldados eritreus contra civis, incluindo massacres e violações.

O incidente ocorre duas semanas depois de o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ter anunciado o início da retirada das tropas eritreias da região.

Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), o partido eleito e no poder no estado, e declarou a vitória em 28 de novembro, ainda que os combates continuem.

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