A família Bruce era dona, há um século, de um resort de férias em Manhattan Beach, um local idílico com vista para o mar no sul da Califórnia. A segregação, porém, roubou-os de quase tudo o que tinham até que, em 1924, foram as próprias autoridades camarárias a desapropriar Charles e Willa Bruce da sua casa e negócio, pagando-lhes apenas uma fração do valor, porque queriam fazer ali um parque.
O casal teve que abandonar o local e morreu apenas cinco anos depois.
Agora, o condado de Los Angeles quer restituir o negócio aos seus descendentes. Na sexta-feira passada, as autoridades indicaram que estão a trabalhar com legisladores estaduais num enquadramento legal que permita devolver a propriedade à família.
A casa, antes uma modesta propriedade ao pé da praia, é agora um valioso espaço num local turístico e vale 75 milhões de dólares (63 milhões de euros). O local é um parque com relvado, estacionamento e um edifício para salva-vidas, conforme pode ver na imagem acima.
"Os Bruce viram o seu sonho californiano roubado. Gerações dos seus descendentes seriam, certamente, milionários se tivessem conservado a sua propriedade e o seu negócio de sucesso", indicou a democrata Janice Hahn, uma das supervisoras do condado, citada pela CNN.
Anúncio por parte do condado de Los Angeles© Brittany Murray/MediaNews Group/Long Beach Press-Telegram via Getty Images
Hahn explicou que as famílias negras naquela zona foram durante anos perseguidas e ameaçadas por supremacistas brancos do Ku Klux Klan - inclusive tentaram queimar a casa -, e quando estas táticas de terror não resultaram, a própria cidade expropriou o casal. Pagaram-lhes cerca de 14 mil dólares pela propriedade (quase 12 mil euros).
A zona, que na altura era povoada por famílias afro-americanos, conta agora com menos de 1% de população negra.
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