Turquia e Líbia reafirmam acordo de fronteiras marítimas contestado
O presidente da Turquia e o primeiro-ministro da Líbia reafirmam hoje o acordo sobre fronteiras marítimas entre os dois países, que é contestado por Grécia e Chipre.
© Alexis Mitas/Getty Images
Mundo Turquia e Líbia
Segundo o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que hoje esteve reunido com o primeiro-ministro líbio, Abdelhamid Dbeibah, ambos "renovaram a determinação" em relação ao acordo de 2019.
Em declarações à imprensa após o encontro, Dbeibah afirmou que acordo sobre fronteiras marítimas "apoia-se em bases válidas e serve os interesses dos dois países".
A assinatura pela Turquia de um acordo com o Governo de Tripoli em 2019 para delinear as fronteiras marítimas entre os dois países, suscitou fortes protestos da Grécia e Chipre.
Os dois países denunciaram o acordo, que consideram uma séria violação da lei internacional e contra os direitos dos restantes países do Mediterrâneo Oriental.
Dbeibah tem ainda tentado estabelecer uma solução de equilíbrio entre a Turquia e a Grécia, na sequência das preocupações de Atenas sobre o acordo marítimo que os responsáveis de Tripoli estabeleceram com a Turquia.
O primeiro-ministro líbio disse que o seu Governo pretende estabelecer um comité líbio-grego para o reinício das negociações destinadas a estabelecer uma fronteira marítima entre os dois países e demarcar uma zona económica exclusiva para os direitos de prospeção de petróleo e gás.
Após a primeira reunião do designado Conselho de Cooperação Estratégico de Alto Nível, hoje em Ankara, Turquia e Líbia assinaram também hoje uma série de acordos, nomeadamente para reforçar a cooperação económica.
"Queremos reforçar a nossa solidariedade e a nossa cooperação (...) Vamos apoiar o governo de unidade nacional da mesma forma que apoiamos o anterior governo legítimo (de Trípoli)", sublinhou o presidente turco.
O Governo interino líbio, que tomou posse em março, tem por objetivo reunificar um país em guerra civil há quase uma década, e ainda promover a organização de eleições gerais marcadas para 24 de dezembro.
A Turquia tem estado particularmente envolvida na Líbia através do apoio ao Governo de Acordo Nacional (GAN), sediado na capital Tripoli e que controlava o oeste, contra o Exército Nacional Líbio (LNA), baseado em Benghazi e que dominava o leste.
A Turquia enviou material militar e combatentes para a Líbia, contribuindo para reverter a balança do conflito em favor do Governo de Tripoli.
Os 'media' turcos indicaram que os dois países pretendem reforçar a cooperação nos setores de energia e saúde, e também vão abordar o regresso de empresas turcas para concluir diversos projetos no país do Norte de África rico em petróleo.
A Líbia mergulhou no caos na sequência de uma rebelião interna apoiada pela NATO que derrubou em 2011 o regime de Muammar Kadhafi, executado por milícias rebeldes.
Nos últimos anos o país fraturou-se entre dois poderes rivais estabelecidos no oeste e no leste, apoiados por diferentes grupos armados e governos estrangeiros.
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