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Críticas à França e apelos à unidade na manifestação semanal do 'Hirak'

Palavras de ordem contra a França assinalaram hoje o desfile semanal do movimento antirregime do 'Hirak' em Argel, um dia após a súbita anulação da visita à capital da Argélia do primeiro-ministro francês Jean Castex, prevista para domingo.

Críticas à França e apelos à unidade na manifestação semanal do 'Hirak'
Notícias ao Minuto

18:49 - 09/04/21 por Lusa

Mundo Argélia

"A França está de regresso, jovens, levantem-se!", brandiram manifestantes, enquanto exibiam diversas faixas com as frases "Onde a França chega, significa a destruição", "Macron, rua, não és bem-vindo ao país dos Mártires", indicou a agência noticiosa AFP.

Um desenho mostrava um galo, símbolo da França, a bicar um mapa do país magrebino com a menção "A Argélia não está à venda".

Estas palavras de ordem têm sido recorrentes durante os desfiles do 'Hirak', com os ativistas a acusarem Paris de apoiar abertamente o contestado Presidente Abdelmadjid Tebboune.

A visita de Castex foi anulada na noite de quinta-feira a pedido de Argel, que terá manifestado descontentamento com a composição da delegação ministerial francesa.

Os manifestantes também apelaram hoje à unidade, após o poder ter advertido o movimento contestatário contra as "derrapagens extremistas", segundo a AFP.

"Povo unido!", ecoaram, reafirmando a sua oposição às eleições legislativas organizadas pelo "gangue" no poder e agendadas para 12 de junho.

Esta semana, na sequência de uma reunião do Alto Conselho de Segurança (HCS, na sigla em francês), Tebboune denunciou as "atividades não inocentes" que "tentam entravar o processo democrático na Argélia", e prometeu que no futuro o Estado será "intransigente".

O HCS examinou "os atos subversivos e as graves derrapagens provenientes de meios separatistas e de movimentos ilegais próximos do terrorismo, que se aproveitam das marchas semanais" do 'Hirak'.

Em Argel, os manifestantes reiteraram a reivindicação de "uma justiça independente", a libertação dos detidos de opinião e fustigaram a repressão e a "criminalização das concentrações".

De acordo com o Comité Nacional para a Libertação dos Detidos (CNLD), uma associação de apoio, cerca de 60 pessoas com ligações ao 'Hirak' permanecem detidas, com cerca de 30 presas desde há uma semana.

O movimento 'Hirak' foi desencadeado em fevereiro de 2019 e de início mobilizado contra um quinto mandato do então Presidente Abdelaziz Bouteflika, no poder há 20 anos.

Bouteflika renunciou em finais de abril, mas o movimento prosseguiu contra o "sistema político" em vigor, numa denúncia da apropriação pela hierarquia militar dos valores que caracterizavam a rebelião armada argelina contra o domínio colonial francês (1954-1962), que culminou na independência do país.

Apesar da pandemia de covid-19 e das medidas sanitárias restritivas terem impedido desde março 2020 os desfiles semanais, os intensos protestos voltaram às ruas todas às terças-feiras e sextas-feiras desde fevereiro passado.

Este inédito movimento popular na Argélia assumiu características pacíficas, plurais -- desde forças laicas e de esquerda aos islamitas -- e até ao momento sem verdadeira liderança ou estrutura política, um fator que o expõe a crescentes riscos de divisões.

Leia Também: Manifestantes do 'Hirak' apelam à "libertação" da justiça e dos media

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