Justiça marroquina recusa liberdade condicional ao jornalista Omar Radi
A justiça marroquina voltou a recusar o pedido de liberdade condicional ao jornalista Omar Radi, em prisão preventiva desde há oito meses por acusações de "espionagem" e "violação", indicou hoje o seu advogado. ´
© Getty Images
Mundo Marrocos
Este ativista de 34 anos, que se destacou na defesa dos direitos humanos, é acusado em simultâneo de ter recebido "financiamentos estrangeiros", "atentado à segurança interna do Estado" e de "violação", em dois processos julgados em conjunto.
Após diversas recusas, os seus advogados apresentaram terça-feira na abertura do seu processo um novo pedido de liberdade condicional perante a secção criminal do tribunal de apelo de Casablanca, antes do adiamento da audiência para 27 de abril.
"Esperávamos verdadeiramente que a liberdade provisória fosse concedida a Omar Radi atendendo ao seu estado de saúde. A prisão preventiva constitui uma medida excecional e ele dispõe de todas as garantias para assistir ao seu processo", declarou à agência noticiosa AFP o advogado Miloud Kandil.
O jornalista pediu ainda para ter acesso ao seu processo, uma autorização que ainda não foi concedida", disse.
O pai do ativista alertou esta semana para o seu estado de saúde, ao referir que estava a efetuar exames médicos.
O inquérito por violação foi iniciado em julho de 2020 após a queixa de uma das suas colegas. Omar Radi refere-se a relações "livremente consentidas", mas a queixosa nega esta alegação e defende o seu "direito à dignidade".
O inquérito por espionagem relaciona-se, segundo o jornalista, com informações transmitidas no âmbito da sua profissão. Foi iniciado em junho de 2020 após um relatório da Amnistia Internacional (AI) afirmando que o seu telefone estava a ser alvo de escutas pelas autoridades marroquinas através de um programa de pirataria informática.
Rabat sempre desmentiu, e denunciou uma "campanha internacional de difamação".
Diversas organizações de direitos humanos, incluindo a AI e a Human Rights Watch (HRW), apelaram na segunda-feira à libertação condicional do jornalista junto das autoridades e pugnaram por um "processo justo para todas as partes".
Os seus apoiantes têm alertado com regularidade que "nos últimos anos diversos jornalistas independentes, militantes e políticos foram detidos, julgados ou condenados por acusações duvidosas de agressões sexuais" em Marrocos.
Omar Radi já foi condenado no início de 2020 a quatro meses de prisão com pena suspensa por "ofensa a magistrado", após uma mensagem na rede social Twitter na qual criticava um juiz.
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