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Um morto e seis feridos à bala no Benim em manifestação

Pelo menos uma pessoa foi hoje morta a tiro e outras seis foram baleadas no Benim durante uma intervenção do exército para dispersar manifestantes que protestavam contra a ausência da oposição nas eleições presidenciais deste domingo.

Um morto e seis feridos à bala no Benim em manifestação
Notícias ao Minuto

15:17 - 08/04/21 por Lusa

Mundo protesto

"Recebemos um caso de morte por bala e seis pessoas feridas por balas", informou José Godjo, diretor de uma unidade hospitalar na cidade de Savè, no centro do Benim, em declarações à agência France-Presse (AFP).

O exército do Benin interveio hoje no centro do país para dispersar manifestantes que protestavam contra o que consideram ser uma "confiscação" das eleições presidenciais deste domingo pelo Presidente, Patrice Talon, que impediu as candidaturas dos seus opositores reais.

Os soldados começaram por utilizar gás lacrimogéneo - e disparam "para o ar", segundo testemunhas à AFP - para dispersar os manifestantes, que bloqueavam desde a passada segunda-feira a principal via rodoviária, que liga o norte e o sul do pequeno país no Golfo da Guiné, junto à cidade de Savè, no centro do Benim.

O norte e o centro do Benim são palco de muitos protestos desde o início da semana, por parte de eleitores descontentes com a ausência da oposição nas eleições presidenciais.

A reeleição de Patrice Talon, um antigo magnata do algodão, que chegou ao poder em 2016 e desde então impôs um regime autoritário naquele país da África Ocidental, não oferece dúvidas: os seus opositores no plebiscito - os antigos deputados Alassane Soumanou e Corentin Kohoué - são dois candidatos praticamente desconhecidos da população.

Soumanou e Kohoué são rotulados como "candidatos fantoches" pela maioria dos opositores políticos no Benim, que não foram autorizados a concorrer a estas presidenciais.

"Desde o regresso do multipartidarismo, em 1990, é a primeira vez que o país realiza uma eleição presidencial como esta: pluralista na aparência, mas sem escolha na realidade", disse à AFP um analista político, Expedit Ologou.

As principais figuras da oposição estão no exílio ou viram as respetivas candidaturas excluídas pelos tribunais ou pela comissão eleitoral.

Um dos líderes da oposição foi preso em março sob a acusação de tentativa de assassinato de figuras políticas.

Há dias, um juiz de um tribunal especial anticorrupção fugiu do país, alegando ter sido pressionado pelas autoridades a acusar os opositores políticos de Patrice Talon.

As autoridades do país denunciaram a existência de uma "manipulação política" e acusaram figuras proeminentes no estrangeiro de tentarem anular as eleições e até de apelarem a um golpe de Estado.

Desde a última segunda-feira à noite, vários grupos de manifestantes no centro e norte do país, o bastião da oposição, denunciam a "eleição não inclusiva".

"Ninguém tem a certeza do que irá acontecer a 11 de abril. A este ritmo, não sabemos se a parte norte do país será realmente capaz de votar", disse Olougou.

No sul do país, a campanha tem vindo a decorrer normalmente, quase sem problemas, e algumas vozes recolhidas pela AFP lamentam mesmo a falta de fervor na campanha.

O Presidente "apela sobretudo à juventude instruída e à elite do país", explicou Mathias Hounkpe, membro da Iniciativa Sociedade Aberta para a África Ocidental (OSIWA, na sigla em inglês).

Após cinco anos à frente do país, Patrice Talon alcançou um muito bom desempenho económico. O seu governo limpou as finanças públicas, melhorou consideravelmente o clima empresarial e digitalizou muitos serviços públicos.

Apesar do coronavírus, por outro lado, o país conseguiu em 2020 manter o crescimento do produto interno bruto em terreno positivo.

"Mesmo que o seu registo seja muito positivo, nunca se ganha uma eleição antecipadamente", sublinhou, no entanto, o diretor de comunicação de Talon, Wilfried Houngbédji, citado pela AFP. "Esperamos que o povo vote em grandes números".

Este é o verdadeiro desafio desta eleição para o Presidente, "não tanto ser reeleito à primeira volta, mas beneficiar de uma elevada taxa de participação", apontou Hounkpe.

No Benim, 38% da população ainda vive abaixo do limiar da pobreza, e não sentiu mudanças significativas nas condições de vida nos últimos cinco anos.

Nos próximos cinco anos, o Presidente, que começou por dizer que queria fazer um único mandato antes de mudar de ideias, promete, como resume o slogan da sua campanha, que o "desenvolvimento está aí".

Leia Também: Opositor no Benim detido por "associação criminosa e terrorismo"

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