Nova manifestação estudantil na Argélia pela libertação de detidos
Uma concentração de estudantes, professores e simpatizantes voltou hoje às ruas de Argel para exigir a libertação de ativistas e presos por delito de opinião, após a confirmação da prisão preventiva para 24 manifestantes detidos no fim de semana.
© AFP via Getty Images
Mundo Argélia
O protesto, que todas as terças-feiras junta uma maioria de estudantes, decorreu hoje sem incidentes apesar dos apelos para a libertação dos ativistas detidos no fim de semana durante uma ação de rua do movimento 'Hirak', indicou a agência noticiosa AFP.
"Libertação dos detidos", brandiram os manifestantes que exibiam cartazes com as fotos dos prisioneiros.
Na segunda-feira, 24 manifestantes foram detidos por "atentado à unidade nacional", após serem interpelados durante uma marcha do 'Hirak' que decorreu no sábado em Argel, indicou o Comité Nacional para a Libertação dos Detidos (CNLD).
Outros militantes, incluindo o "poeta do 'Hirak'" Mohamed Tadjadit, de novo detido na noite de domingo, permaneciam sob detenção em Argel, precisou o CNLD.
Mais numerosos em relação à semana passada, os estudantes também se pronunciaram pelo direito à liberdade de expressão e manifestação e comprometeram-se a "permanecer de pé face aos corruptos", enquanto ecoavam as habituais palavras de ordem anti-regime.
O movimento 'Hirak' foi desencadeado em fevereiro de 2019 e de início mobilizado contra um quinto mandato do então Presidente Abdelaziz Bouteflika, no poder há 20 anos.
Bouteflika renunciou em finais de abril, mas o movimento prosseguiu contra o "sistema político" em vigor, numa denúncia da apropriação pela hierarquia militar dos valores que caracterizavam a rebelião armada argelina contra o domínio colonial francês (1954-1962), que culminou na independência do país.
Apesar da pandemia da covid-19 e das medidas sanitárias restritivas terem impedido desde março 2020 os desfiles semanais, os intensos protestos voltaram às ruas todas às terças-feiras e sextas-feiras desde fevereiro passado.
Este inédito movimento popular na Argélia assumiu características pacíficas, plurais -- desde forças laicas e de esquerda aos islamitas -- e até ao momento sem verdadeira liderança ou estrutura política.
Hoje, o 'Hirak' é acusado pelo poder de estar infiltrado por ativistas islamitas, herdeiros da Frente Islâmica de Salvação (FIS, dissolvida em março de 1992 na sequência de um golpe militar), com o objetivo de conduzir este movimento para um confronto violento.
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