UE "estende a mão" à Turquia mas exige respeito por direitos humanos
A União Europeia "estendeu hoje a mão" à Turquia, que "mostrou interesse em reatar as relações de uma forma construtiva", mas insistiu que o respeito pelos direitos humanos "é inegociável", garantiram os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão.
© Reuters
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Numa breve conferência de imprensa na delegação da UE em Ancara, no final de uma reunião de trabalho com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, Charles Michel e Ursula von der Leyen explicaram que a sua visita à Turquia visou "dar um novo impulso às relações" entre UE e Turquia, muito conturbadas nos anos mais recentes, e disseram notar abertura de Erdogan para "aproveitar a janela de oportunidade" que a UE lhe está a reabrir, mas condicionalmente.
Os dois dirigentes europeus asseguraram que manifestaram, "de forma muito clara", ao Presidente turco a "profunda preocupação" da União Europeia com os recentes desenvolvimentos na Turquia em matéria de direitos humanos, Estado de direito e liberdade de expressão, e salientaram que a relação entre as partes só pode conhecer efetivamente um novo impulso se a Turquia respeitar valores considerados "fundamentais" pela União.
"A UE tem um interesse estratégico em desenvolver uma relação cooperante e mutuamente benéfica com a Turquia, mas ao mesmo tempo estamos determinados em defender os interesses da UE e dos Estados-membros e a promoção dos nossos valores", relatou o presidente do Conselho Europeu.
"Estendemos a mão, com uma agenda progressiva, cabe agora à Turquia aproveitar esta oportunidade de uma forma sustentável e sólida", sintetizou Charles Michel, segundo o qual os 27 avaliarão os progressos já no próximo Conselho Europeu formal, agendado para junho.
Charles Michel indicou que foram abordados os mais diversos assuntos no encontro com o Presidente turco, tendo a UE manifestado a sua prontidão para "colocar sobre a mesa uma agenda concreta e positiva, baseada em três pilares: cooperação económica, migrações e contactos interpessoais e mobilidade", com diálogos de alto nível em matérias de interesse comum, tais como "questões regionais, saúde pública, clima e luta contra o terrorismo".
Fazendo votos para "que a Turquia aproveite esta janela de oportunidade", Charles Michel advertiu que o compromisso europeu "será progressivo, proporcional e reversível", voltando a sublinhar a necessidade de a Turquia respeitar os direitos humanos e reiterando então a profunda preocupação da UE como ações de Ancara que vão no sentido oposto, "em particular a nível de liberdade de expressão" e de perseguição a partidos políticos da oposição, bem como a decisão turca de abandonar a «Convenção de Istambul», do Conselho da Europa, para a prevenção e combate à violência contra as mulheres e violência doméstica.
Esse foi um tema referido por diversas vezes por Ursula von der Leyen, que se manifestou "profundamente preocupada" com a decisão de Ancara, que "é claramente o sinal errado a dar neste momento", uma vez que aquilo que está em causa é "a proteção de mulheres e crianças".
"Uma parceria honesta exige que também abordemos os assuntos que nos dividem. E hoje fomos muito claros no sentido de que a Turquia deve respeitar as regras internacionais", com as quais, de resto, se comprometeu, "enquanto membro fundador do Conselho da Europa", apontou, garantindo que a UE "não se cansará de abordar esta questão" e exortar Ancara a reverter a sua decisão.
"Queremos melhorar bastante as nossas relações no futuro, mas estamos no início desta caminhada, e as próximas semanas e meses mostrarão o quanto podemos avançar em conjunto neste caminho", concluiu.
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