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Líbano: HRW denuncia discriminação de refugiados e migrantes na vacinação

A Human Rights Watch denunciou hoje que a campanha de vacinação contra a Covid-19 no Líbano estará a discriminar milhares de refugiados e de trabalhadores migrantes, comunidade que representa um terço da população deste país mergulhado numa profunda crise.

Líbano: HRW denuncia discriminação de refugiados e migrantes na vacinação
Notícias ao Minuto

15:53 - 06/04/21 por Lusa

Mundo Líbano

O Líbano iniciou a vacinação contra a doença covid-19 em fevereiro e o ministro da Saúde libanês, Hamad Hassan, garantiu então que a campanha iria abranger todas as pessoas que vivessem naquele país, independentemente da nacionalidade.

Mas, segundo alerta a organização não-governamental (ONG), os refugiados e os trabalhadores migrantes residentes no território libanês estão em risco de ficar de fora da campanha de imunização da população, em parte por causa da ausência de informação acessível para este segmento.

"Apenas 2,86% dos vacinados e 5,36% das pessoas registadas para serem vacinadas não têm nacionalidade libanesa", destaca a Human Rights Watch (HRW).

Num país onde "uma em cada três pessoas é refugiada ou imigrante, um terço da população corre o risco de ficar de fora da campanha de vacinação", afirma a investigadora da HRW para a área dos direitos dos refugiados e migrantes, Nadia Hardman.

"O governo tem de investir em ações de sensibilização direcionadas para criar confiança junto das populações há muito marginalizadas, caso contrário a campanha de vacinação está condenada ao fracasso", frisou a ONG.

A campanha de imunização libanesa, já envolvida em polémica por causa da vacinação indevida de vários políticos, pretende cobrir 80% da população (de cerca de seis milhões de habitantes) até ao final do ano.

Porém, de acordo com a HRW, apenas 233.934 doses foram administradas no país até segunda-feira (dia 05 de abril), principalmente devido às quantidades limitadas disponíveis da vacina.

A ONG aponta que mais de 19.900 refugiados e trabalhadores de saúde palestinianos e 6.701 refugiados sírios são elegíveis para integrarem a primeira fase da campanha de imunização.

Na informação hoje divulgada, a HRW denuncia a falta de sensibilização e de informação acessível a este segmento da população, relatando que muitos dos refugiados e migrantes ouvidos pela organização desconheciam a existência de uma página na Internet para fazer o registo para a vacinação, enquanto outros pensavam que era só para cidadãos libaneses ou que tinham de pagar o custo da vacina.

"Os refugiados sírios entrevistados pela HRW expressaram receios de serem presos, detidos ou mesmo deportados caso se registassem na plataforma gerida pelo governo, especialmente em casos que não têm uma residência legal no Líbano", exemplifica a organização, que destaca ainda que apenas 20% dos 1,5 milhões de refugiados sírios que vivem atualmente no território libanês (nove em cada dez em situação de extrema pobreza) estão em situação legal.

Até segunda-feira, menos de 18 mil sírios tinham preenchido o formulário para receber as doses da vacina contra a covid-19 e pouco mais de 1.150 já tinham sido inoculados.

Também os cerca de 200 mil refugiados palestinianos ouvidos pela ONG relataram os seus receios, temendo, por exemplo, que o acesso à vacina lhes fosse negado devido às restrições que são impostas a esta comunidade pela sociedade libanesa, nomeadamente ao nível do acesso a serviços públicos e de saúde.

Citando dados da ONU, a HRW alerta que "a taxa de mortalidade associada à covid-19 entre os refugiados sírios e os refugiados palestinianos é quatro vezes superior e três vezes superior em relação à média nacional, respetivamente", pedindo às autoridades libanesas que garantam uma distribuição equilibrada de vacinas.

País mergulhado numa profunda crise económica e financeira, e marcado pela corrupção e por uma cultura política de clientelismo, o Líbano também acolhia em 2020, segundo estimativas da ONU, cerca de 400.000 trabalhadores migrantes.

No país vigora a 'Kafala', um sistema que regulamenta a contratação e a permanência de trabalhadores migrantes e é frequentemente associado a graves abusos.

Leia Também: Covid-19: Líbano em confinamento estrito durante o período da Páscoa

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