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Moçambique. Nações Unidas avisam que crise humanitária será "prolongada"

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou hoje que o mundo deve preparar-se para a possibilidade de uma crise humanitária "prolongada" em Moçambique, devido ao aumento de pessoas deslocadas pela "contínua" violência armada na região norte.

Moçambique. Nações Unidas avisam que crise humanitária será "prolongada"
Notícias ao Minuto

17:18 - 01/04/21 por Lusa

Mundo Moçambique/Ataques

"A situação, definitivamente, é uma crise prolongada e está a tornar-se mais isso. Esperamos ver mais um aumento de deslocados, nos próximos dias e semanas", disse a chefe de missão da OIM em Moçambique, Laura Tomm Donde.

As autoridades moçambicanas, sociedade civil e a comunidade internacional devem estar preparadas para operações de assistência humanitária mais crescentes, afirmou Donde.

"Certamente, será algo para o qual temos que nos preparar, um aumento nos deslocados. Esperamos que nãos seja o caso, mas, infelizmente, tudo aponta para essa direção", enfatizou a responsável pela agência da Organização das Nações Unidas (ONU) em Maputo.

A OIM, prosseguiu, registou a chegada de mais de oito mil deslocados de Palma em vários pontos de acolhimento na última semana, depois dos ataques armados do dia 24 à vila e milhares estarão refugiados nas matas em vários pontos da província de Cabo Delgado, podendo dar entrada em locais de acolhimento seguro nos próximos dias.

A estes novos números, acrescentam-se os anteriores 670 mil deslocados pela violência armada na província e que são parte de um total de 1,3 milhões de pessoas que a ONU estimava precisarem de assistência humanitária em toda a região norte, por terem sido deixados numa situação de necessidade de ajuda pelo efeito combinado da violência e desastres naturais.

"Antes destes ataques [a Palma], já havia uma grande necessidade de assistência em Cabo Delgado e noutras províncias do norte", enfatizou.

O Plano de Resposta Humanitária das Nações Unidas avaliou em março as necessidades de assistência em 254 milhões de dólares e apenas um terço desse montante foi angariado, de acordo com informações na altura avançadas pela ONU.

"Palma exacerbou as necessidades para uma escala ainda mais larga", frisou Laura Tomm Donde.

A responsável apontou que os deslocados, sobretudo os de Palma, precisam urgentemente de comida, água potável, assistência médica e psicossocial.

As crianças e mulheres são os grupos mais expostos às vulnerabilidades provocadas pelos efeitos conjugados da guerra e dos desastres naturais no norte de Moçambique, por serem a maioria e os mais frágeis.

Os deslocados não são os únicos que precisam de ajuda, as famílias que acolhem a maioria das vítimas da guerra em Cabo Delgado também precisam de apoio, porque já viviam numa situação de pobreza e de escassez, observou a chefe de missão da OIM.

"É uma generosidade extraordinária [das famílias de acolhimento], porque estas famílias já estavam no limite. Estas famílias de acolhimento também precisam de ajuda", frisou.

Situação mais grave passam milhares de pessoas que fugiram de Palma e que estão escondidas na floresta, porque nenhum tipo de ajuda pode chegar a esses refúgios, devido à falta de segurança, notou.

À crise provocada pelos ataques armados e desastres naturais junta-se o drama da pandemia de covid-19, porque "os que fogem da guerra não se lembram de levar a máscara", sublinhou Tomm Donde.

Toda a comunidade ligada à assistência humanitária, continuou, deve colocar e manter a crise que se vive no norte de Moçambique no "mapa" mundial das necessidades de apoio humanitário, tendo em conta que a situação concorre com os dramas que estão a ser provocados por conflitos como os do Iémen e Síria.

"Há, obviamente, outras crises globais que tendem a estar mais nos radares da comunidade internacional, incluindo Iémen e Síria", destacou.

A crise humanitária em Moçambique precisa de ser colocada nas "plataformas globais" visando ganhar uma maior visibilidade, enfatizou.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é desde há cerca de três anos alvo de ataques terroristas e o mais recente aconteceu em 24 de março, em Palma, em que dezenas de civis foram mortos, segundo o Ministério da Defesa moçambicano.

A violência está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados, segundo agências da ONU, e mais de duas mil mortes, segundo uma contabilidade feita pela Lusa.

O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.

Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.

Leia Também: Organização para a Cooperação Islâmica condena ataques em Cabo Delgado

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