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Jornalista da BBC deixa China após ameaças pelo seu trabalho em Xinjiang

Um jornalista da televisão britânica BBC declarou hoje ter saído da China após "ameaças" ligadas à sua cobertura do modo como são tratados os muçulmanos uigures no Xinjiang, que Pequim considerou "tendenciosa".

Jornalista da BBC deixa China após ameaças pelo seu trabalho em Xinjiang
Notícias ao Minuto

15:47 - 31/03/21 por Lusa

Mundo Jornalista

John Sudworth, que fazia com regularidade reportagens desafiando as autoridades, mudou-se para Taiwan.

"A pressão e as ameaças das autoridades depois das minhas informações foram constantes. Mas intensificaram-se nos últimos meses", declarou hoje à BBC Radio 4.

"No final, com a minha família aqui em Pequim assim como com a BBC, decidimos que era demasiado arriscado continuar", acrescentou.

O jornalista é o alvo privilegiado dos 'media' estatais chineses na sequência de reportagens sobre o tratamento dado aos uigures no Xinjiang (noroeste da China).

A imprensa oficial acusava nomeadamente John Sudworth de cobertura "tendenciosa" e de "deformação dos factos" ao fazer eco de alegações de "violações" ou de "trabalho forçado" naquela região.

"O trabalho de John revelou verdades que as autoridades chinesas não queriam que o mundo soubesse", reagiu, por seu turno, a BBC num comunicado.

Foi anunciado oficialmente em meados de março que o jornalista tinha sido alvo de uma queixa na justiça devido às suas "notícias falsas". O processo poderia impedi-lo de abandonar o território.

"Se John Sudworth considera as suas reportagens justas e objetivas deveria ter a coragem de enfrentar esta ação judicial", reagiu hoje numa conferência de imprensa regular Hua Chunying, uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

"Todos sabem que a BBC divulga um grande número de notícias falsas sobre a China com um forte viés ideológico", disse.

O Clube dos correspondentes estrangeiros na China, que representa os jornalistas instalados no país, declarou-se num comunicado "preocupado" e "triste" com a partida de John Sudworth.

"O ataque contra Sudworth e os seus colegas da BBC insere-se num contexto mais vasto de assédio e intimidação que impede o trabalho dos correspondentes estrangeiros na China", considerou.

A cobertura de assuntos sensíveis é complicada para os jornalistas estrangeiros. Vários foram seguidos, presos ou receberam vistos de validade reduzida como retaliação.

A China expulsou em 2020 pelo menos 18 jornalistas estrangeiros de jornais norte-americanos, numa medida retaliatória contra Washington, que forçou várias dezenas de correspondentes chineses a abandonarem os Estados Unidos.

Leia Também: Condenado a 29 anos de prisão dissidente das FARC que matou jornalistas

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