Floyd: Polícia descrito como "frio" e "cruel" em julgamento
Os Estados Unidos, incluindo o seu Presidente, estão 'em frente aos ecrãs' a acompanhar o segundo dia do julgamento do polícia acusado do homicídio do afro-americano George Floyd, considerado uma 'prova de fogo' à Justiça do país.
© Reuters
Mundo George Floyd
O julgamento de Derek Chauvin, o antigo polícia de Minneapolis acusado do homicídio do afro-americano George Floyd, arrancou na segunda-feira. O julgamento do crime que ecoou e espoletou uma onda maciça de protestos contra a violência racial está a ser transmitido pela televisão.
Durante a sessão que decorreu hoje, as testemunhas descreveram o comportamento "frio" e "cruel" de Derek Chauvin enquanto pressionava o pescoço de George Floyd com o joelho.
De lágrimas nos olhos, Darnella Frazier, de 18 anos, que captou um vídeo do homicídio, descreveu o olhar do antigo polícia quando olhou para as pessoas que assistiram ao crime: "Ele simplesmente fixou o olhar em nós, olhou para nós. Tinha um olhar frio, cruel. Não se importou [de estar a matar uma pessoa]. Parecia que não queria saber do que estávamos a dizer."
A testemunha também disse que Tou Thao, também polícia na altura, e outros agentes estavam preparados para agredir as cerca de 15 pessoas que pediam a Derek Chauvin para deixar Floyd respirar.
"Colocaram [os agentes] as mãos nos cassetetes e nós recuámos", referiu Darnella Frazier.
A bombeira de Minneapolis Genevieve Clara Hansen descreveu o que considerou o testemunho de um homicídio, enquanto perguntava aos agentes se tinham verificado o pulso do cidadão afro-americano.
"Acreditei que tinha assistido a um homicídio", disse a bombeira, cujo testemunho ficou marcado por momentos de antagonização com Eric Nelson, advogado de Derek Chauvin.
Genevieve Clara Hansen também descreveu a frustração que sentiu quando viu o que considerou ser a polícia a matar uma pessoa indefesa.
Este testemunho coincidiu com o Donald Williams, antigo lutador de artes marciais, que disse que percebeu que Derek Chauvin estava a estrangular Floyd e sentiu que tinha "assistido a um homicídio".
"Ele [George Floyd] apagou-se lentamente... Como um peixe dentro de um saco", descreveu a testemunha. Questionado sobre a razão pela qual não ligou para o serviço de emergência, Williams disse que não o fez porque estaria a ligar para a polícia para denunciar um crime feito pela polícia que estava à sua frente.
Na segunda-feira, o procurador Jerry Blackwell, que pertence à entidade equivalente ao Ministério Público em Portugal, disse que Chauvin utilizou "força excessiva e irracional" e que iria provar, "sem sombra de dúvida", que o antigo polícia "está longe de ser inocente".
Já Ben Crump, advogado da família de George Floyd, considerou que o julgamento é "um referendo" à Justiça e à igualdade nos Estados Unidos da América.
De Washington chegou, também na segunda-feira, a confirmação de que o Presidente, o democrata Joe Biden, iria acompanhar "com atenção" o julgamento.
O anúncio foi feito pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, que garantiu que Biden iria acompanhar "as sessões com atenção, assim como todos" os norte-americanos, recordando que para a administração que iniciou funções em 20 de janeiro o combate às "injustiças raciais" é uma prioridade.
Várias estações de televisão estão a transmitir na íntegra o julgamento de Derek Chauvin, apontado como o homicida de George Floyd, em maio de 2020.
O crime gerou uma onde de protestos contra a injustiça racial e a violência policial nos Estados Unidos, que se repercutiu em várias partes do planeta, incluindo em Portugal.
O julgamento está a decorrer sem audiência, por causa da pandemia, mas é esperado que milhares de norte-americanos o sigam pela televisão.
O veredicto é esperado para o final de abril ou início de maio e os 12 jurados têm de decidir por unanimidade, sob pena de o julgamento ser considerado nulo.
A possibilidade de nulidade do julgamento ou de absolvição do acusado poderá desencadear tumultos em Minneapolis (Minnesota), à semelhança do que aconteceu no ano passado.
Os processos contra polícias por violência excessiva no cumprimento de funções são raríssimos, mas as condenações são mais invulgares ainda.
A autarquia de Minneapolis fez uma profunda restruturação da polícia e aceitou, em meados de março, pagar cerca de 23 milhões de euros à família de Floyd, de modo a encerrar a reclamação civil.
O advogado de Chauvin criticou o acordo, já que, segundo Eric Nelson, poderá influenciar os jurados.
Os outros três polícias envolvidos no caso - Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao -- só serão julgados por "cumplicidade no homicídio" em agosto, também devido à pandemia.
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