Primeiro-ministro britânico estreia nova sala de imprensa milionária
Uma nova sala para conferências de imprensa, que custou 2,6 milhões de libras (três milhões de euros), foi hoje estreada pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para marcar o alívio das restrições decretadas para controlar a pandemia covid-19.
© Getty Images
Mundo Boris Johnson
Com um novo fundo em azul, em vez dos painéis de madeira antiquados da sala até agora usada pelos ministros para dar atualizações sobre a crise provocada pelo novo coronavírus, a nova sala no número nove de Downing Street, o edifício ao lado da residência oficial do primeiro-ministro, pretende modernizar a forma como o executivo vai interagir com os jornalistas.
O Governo disse que os custos incluíram "equipamento audiovisual, infraestrutura de Internet, obras elétricas e iluminação" e que são de interesse público porque as transmissões "aumentarão a responsabilidade pública e a transparência sobre o trabalho deste governo agora e no futuro".
O Partido Trabalhista acusou Johnson de gastar dinheiro em "projetos fúteis" que contrastam com a decisão de atribuir um aumento de 1% no salário dos profissionais da saúde que estiveram na linha da frente no combate à pandemia.
Até agora limitados a um grupo reservado de jornalistas e sem possibilidade de serem gravadas imagens ou som, os 'briefings' diários vão passar a protagonizados por um porta-voz e transmitidos publicamente na televisão, tal como acontece na Casa Branca, a residência oficial do Presidente dos Estados Unidos.
A antiga jornalista Allegra Stratton, que trabalhou para o jornal The Guardian e estações BBC e ITV e era, até ao ano passado, assessora de imprensa do ministro das Finanças, Rishi Sunak, foi recrutada para o lugar.
Um anúncio de emprego publicado no ano passado pedia alguém para "comunicar com o país em nome do primeiro-ministro" e oferecia um salário anual de 125 mil libras (147 mil euros).
A data de início do novo modelo de conferências de imprensa não foi anunciada, mas esta não é a primeira vez que o Governo de Boris Johnson tenta inovar na forma como se relaciona com a população e a comunicação social.
Ainda em 2019, lançou as "Perguntas do Povo ao Primeiro-Ministro", realizadas ocasionalmente através da rede social Facebook, e introduziu perguntas de cidadãos nas conferências de imprensa com ministros e especialistas sobre a pandemia.
Antes, porém, Boris Johnson foi criticado por se recusar a dar entrevistas individuais, incluindo durante as eleições legislativas de 2019, e os antigos assessores, Dominic Cummings e Lee Cain, eram conhecidos pelo estilo de confronto que resultou no boicote a alguns meios de comunicação social.
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