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Professores moçambicanos alertam para "perdas irreparáveis"

O Sindicato Nacional dos Professores de Moçambique (SNP) alertou hoje para "perdas de aprendizagem irreparáveis" em muitos alunos devido à covid-19, assinalando que as assimetrias regionais e sociais associadas à pandemia vão provocar atraso e abandono escolar.

Professores moçambicanos alertam para "perdas irreparáveis"

© Lusa

Paulo Machicane
26/03/2021 14:10 ‧ há 4 anos por Paulo Machicane

"Há muitas raparigas das zonas rurais que não vão voltar às aulas, que abandonaram os estudos para dar prioridade ao casamento ou às lides de casa", disse o secretário-geral do SNP, Teodoro Muidumbe.

O sindicalista afirmou que o recurso em força ao ensino digital, devido à redução do tempo de permanência na sala de aula, vai atrasar muitos alunos no acompanhamento da atividade letiva.

"Os alunos irão, em média, duas vezes por semana à escola, na expectativa de que o tempo reduzido seja compensado através de aulas à distância, mas na nossa realidade isso não será fácil", explicou.

"A maioria dos alunos moçambicanos da 1.ª à 12.ª classe não tem telemóvel, muito menos computador, pelo que será impossível estudarem à distância", acrescentou.

A divisão de turmas por 25 alunos cada, para permitir o distanciamento de 1,5 metros entre si, embora "muito necessária", vai reduzir o tempo letivo e de absorção dos conteúdos.

O secretário-geral do SNP apelou à mobilização de toda a sociedade para assegurar que os alunos mais carenciados não percam irremediavelmente o direito à educação.

"Todos temos a responsabilidade de garantir que todas as crianças estudem, não é uma tarefa do Governo, apenas", defendeu.

Mais de oito milhões de alunos do primeiro ao 12.º ano iniciaram esta segunda-feira as aulas, num contexto atípico marcado por divisão de turmas, aulas em grupos alternados e aos sábados, devido a covid-19.

Daquele número de alunos, cerca dois milhões são da primeira classe e vão à escola pela primeira vez.

A porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (Minedh), Gina Guibunda, disse à Lusa que o número de alunos numa sala não deve ultrapassar 25, para permitir um distanciamento de 1,5 metros, o que vai implicar a divisão de turmas, tendo em conta a sobrelotação que normalmente caracteriza as salas de aula no país.

O número de alunos nas salas das escolas moçambicanas chega a atingir 75, uma cifra que torna impossível o necessário distanciamento físico em contexto de covid-19.

Gina Guibunda avançou que os alunos poderão ter aulas aos sábados, nas circunstâncias em que o desdobramento de turmas impedir o cumprimento de metas semanais do plano letivo.

Moçambique tem cumulativamente 753 óbitos devido à covid-19 e 66.762 casos, 81% dos quais considerados recuperados da doença.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.756.395 mortos no mundo, resultantes de mais de 125,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Leia Também: EUA "profundamente preocupados" após ataque à vila de Palma

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