Etiópia avisa EUA que operação militar no Tigray é "assunto interno"

O Governo etíope descartou o apelo do Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para acabar com o conflito armado na região do Tigray e avisou Washington de que se trata de um "assunto interno".

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Lusa
21/03/2021 18:11 ‧ 21/03/2021 por Lusa

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Foi esta a mensagem de Adis Abeba ao enviado norte-americano Cristopher Coons, transmitida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Demeke Mekonnon, numa reunião realizada este sábado na capital etíope, na qual, segundo a porta-voz do governante, Dina Mufti, se reiterou que tanto a "missão em Tigray" como qualquer outra operação de aplicação da lei no território "são assuntos internos que devem ser deixados à Etiópia".

De acordo com fontes oficiais, o conflito já fez mais de 75.000 refugiados etíopes, que fugiram para o Sudão, e as Nações Unidas denunciam a multiplicação de violações de direitos humanos.

Depois de Biden ter apelado ao fim do confronto em novembro, recentemente o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, reforçou a pressão e acusou o Governo etíope de levar a cabo uma "limpeza étnica" na zona do Tigray.

No entanto, as autoridades etíopes negaram as acusações e Demeke Mekonnon insurgiu-se com a posição de Washington sobre as forças na região vizinha de Amhara - uma milícia que apoia as tropas federais e eritreias destacadas em Tigray -, ao considerar que são uma parte externa e não "parte integrante" do país.

Paralelamente, o governante etíope reiterou o compromisso de cooperação e a abertura para iniciar uma investigação às violações dos direitos humanos relatadas em Tigray - incluindo massacres de civis e violações de mulheres por bandos, de acordo com grupos humanitários -, a fim de levar os responsáveis à justiça, segundo a sua porta-voz.

Entre os temas em debate no encontro de Demeke Mekonnon e Cristopher Coons esteve a disputa entre a Etiópia e o Sudão na zona fronteiriça de al-Fashaga, onde a região noroeste de Amhara se sobrepõe ao estado de Gedaref, no Sudão. O chefe da diplomacia etíope terá pedido ao emissário dos EUA para que Washington pressionasse o Sudão no sentido de evitar "uma guerra desnecessária por algo que deveria ser resolvido de uma forma civilizada".

Christopher Coons deverá ainda encontrar-se nesta sua viagem com o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, a quem deverá transmitir pessoalmente a "grande preocupação" de Biden sobre a situação em Tigray.

O conflito na Etiópia começou em 04 de novembro, depois de o Governo central ter atacado as forças do partido regional Frente de Libertação Popular do Tigray (TPLF), em retaliação a um ataque anterior das forças de Tigray a uma base federal.

Abiy Ahmed anunciou em 28 de novembro o fim da ofensiva, mas o conflito armado continua e há cada vez mais civis sem ter acesso a qualquer tipo de ajuda.

Leia Também: PM da Etiópia emite "aviso final" aos líderes fugitivos de Tigray

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