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Pablo Iglesias abandona Governo espanhol sem consequências para executivo

A decisão do líder da extrema-esquerda espanhola, Pablo Iglesias, de abandonar o Governo espanhol para concorrer às eleições em Madrid apanhou todos de surpresa, mas os analistas não preveem uma alteração na direção do executivo de esquerda.

Pablo Iglesias abandona Governo espanhol sem consequências para executivo
Notícias ao Minuto

14:46 - 18/03/21 por Lusa

Mundo Pablo Iglesias

"Foi uma decisão inesperada, mas os socialistas vão continuar a depender do Podemos, não se prevendo uma mudança de rumo", disse à agência Lusa o professor de Comunicação e Política Internacional na Universidade Europeia de Madrid José Maria Peredo Pombo.

O líder do partido de extrema-esquerda Podemos surpreendeu os espanhóis ao anunciar na segunda-feira que ia deixar o Governo minoritário de coligação liderado pelo Partido Socialista (PSOE) para concorrer às eleições regionais de 04 de maio na Comunidade de Madrid, uma aposta que tem um elevado risco político.

Para José Maria Peredo Pombo, numa altura de "reconfiguração política" na Europa e Estados Unidos tudo indica que Espanha vai continuar a "navegar à vista, sem uma direção definida".

"A questão-chave neste momento é se Sánchez vai clarificar a posição do executivo a nível nacional e internacional", concluiu o catedrático.

A saída de Pablo Iglesias tem lugar num contexto de fortes tensões políticas entre os dois partidos, que apesar de divergirem numa série de questões sabem que dependem um do outro para se manterem no poder.

"Iglesias encontrou o momento certo para ter uma narrativa que explicasse a sua saída do Governo, podendo agora, se quiser, dedicar-se a partir de fora, e de uma forma mais ruidosa, a fazer oposição", afirmou o politólogo Pablo Simón também em declarações à Lusa.

Fundador e líder do Podemos desde a sua criação, em 2014, Iglesias indicou a Ministra do Trabalho, Yolanda Diaz, para o substituir como vice-presidente do Governo e também como candidata do partido nas próximas eleições legislativas, agendadas para 2023.

Pablo Iglesias é uma personagem que divide os socialistas, tendo o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, vetado inicialmente a sua entrada no Governo, antes de o PSOE ceder, após uma segunda eleição legislativa em novembro de 2019 em que continuou longe de uma maioria parlamentar.

A decisão do líder da extrema-esquerda também terá sido influenciada pela queda das intenções de voto do Podemos nas sondagens, mas a aposta feita é uma jogada muito arriscada para Iglesias, que deixa a política nacional sem qualquer garantia de conseguir arrebatar à direita a região mais rica do país, que esta governa há mais de 25 anos.

Segundo os analistas, ao concorrer em Madrid, Iglesias pretende salvar o seu partido a nível nacional, numa altura em que o PSOE consolida a sua posição na esquerda e a tendência parece ser para um regresso a um sistema bipartidário.

A alternância de PSOE e PP (Partido Popular, direita) há cerca de 40 anos na liderança governamental em Espanha foi posta em causa com o aparecimento do Podemos e do Cidadãos (direita-liberal), um partido que depois de ter quase conseguido liderar a direita também está em curva descendente.

Com a decisão de Pablo Iglesias de deixar o Governo para se apresentar às eleições regionais, a região de Madrid reforça ainda mais a sua posição central e a sua influência a nível nacional.

"Se não ganhar a aposta difícil que está a fazer em Madrid, é imprevisível qual vai ser o futuro de Iglesias", disse Pablo Simón.

A atual presidente da Comunidade Autónoma de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, do PP, convocou na semana passada eleições regionais para 04 de maio, depois de ter dissolvido o Parlamento da região mais rica de Espanha.

Sendo uma política em ascensão no PP, Diaz Ayuso também apanhou todos desprevenidos ao pôr fim a uma aliança com o Cidadãos (direita-liberal), uma decisão que alguns pensam que poderá significar no futuro uma alteração da paisagem política da direita espanhola.

A dirigente regional explicou na altura que tinha decidido por eleições antecipadas a fim de assumir a dianteira e evitar que PSOE, o maior da oposição na região, e o Cidadãos apresentassem uma moção de censura, como tinham feito no mesmo dia na região Múrcia (sudeste).

Leia Também: Líder do Podemos abandona Governo para concorrer às eleições regionais

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