O corpo de Goodwill Zwelithini, que reinou durante meio século, foi transportado sob fortes medidas de segurança da polícia sul-africana, desde a casa mortuária para o Palácio Real Khethomthandayo, onde entrou às 16:00 locais (14:00 de Lisboa), acompanhado pelos amabutho, os príncipes guerreiros da Casa Real, em traje tradicional Zulu.

À saída da casa mortuária, os amabutho entoaram "A Terra é Nossa", um cântico zulu, em homenagem ao 'combate' encetado pelo monarca em defesa do território amaZulu contra as políticas de expropriação de terras do Governo do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido no poder desde a queda do 'apartheid', em 1994.

Abençoados pela chuva que se juntou ao final da tarde às cerimónias, a longa marcha a pé dos amabutho, acompanhados por milhares de súbditos, entre os quais jovens 'donzelas' em trajes tradicionais Zulu, sublinhou a importância cultural e tradicional atuais da Nação Zulu, que é tida como a de maior dimensão no continente.

Os restos mortais do monarca serão "plantados" depois do pôr do Sol, nas primeiras horas da madrugada de quinta-feira, em secretismo, numa cerimónia restrita, na qual poderão participar apenas homens, segundo fonte do palácio real.

A "plantação" dos restos mortais do monarca na Terra, como é designado na tradição amaZulu, dará lugar a uma nova vida e, por isso, "nascerá um novo rei" ao meio-dia.

O Presidente Cyril Ramaphosa, que decretou um funeral de Estado em homenagem ao monarca Zulu, fará o elogio na cerimónia fúnebre oficial agendada para quinta-feira, anunciou em comunicado a Presidência da República.

O chefe de Estado sul-africano decretou ainda luto nacional com bandeira a meia haste desde sábado até à noite do serviço fúnebre.

Nascido em 14 de julho de 1948, em Kwanongoma, Good Zwelithini era o filho mais velho do rei Cyprian e da sua segunda mulher, a rainha Thomo, segundo a biografia oficial do monarca.

Foi coroado em 03 de dezembro de 1971 como oitavo monarca do povo Zulu, de uma linhagem direta do rei Shaka, três anos depois da morte de seu pai, em 1968, numa cerimónia tradicional em Kwanongoma assistida por 20.000 pessoas.

Goodwill Zwelithini KaBhekuzulu morreu na madrugada de sexta-feira, de doença associada à covid-19, segundo o primeiro-ministro tradicional do monarca Mangosuthu Buthelezi.

Estava hospitalizado nos cuidados intensivos de um hospital público, em Durban, com hipoglicemia, adiantou.

Goodwill Zwelithini visitou a Madeira e esteve em Lisboa a convite do herdeiro da coroa portuguesa, Duarte Pio, duque de Bragança, em abril de 1992, onde foi recebido também pelo então Presidente Mário Soares.

Voltou a estar em Portugal, em maio de 1995, no casamento do duque de Bragança nos Jerónimos.

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