Agência da ONU admite regresso dos EUA a acordo nuclear com Irão
O diretor da agência de energia atómica da ONU considera que o regresso dos EUA ao acordo nuclear com o Irão ainda é possível, mas acusou Teerão de continuar a colocar muitos problemas nas negociações com Washington.
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Mundo Acordo nuclear
Os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do tratado nuclear com o Irão, sob a Presidência de Donald Trump, em 2018, mas o agora Presidente Joe Biden disse estar disponível para regressar à mesa de negociações com Teerão.
Contudo, o diretor da Agência Internacional de Energia Atómica da ONU, Rafael Grossi, disse hoje que ainda existem muitos obstáculos, nomeadamente por causa das constantes violações do acordo por parte de Teerão, que continua empenhado em aumentar a quantidade de urânio enriquecido, como retaliação pelas sanções impostas por Washington.
Questionado sobre a insistência do Irão para que os EUA deem o primeiro passo no regresso à mesa de negociações, durante uma videoconferência perante o Parlamento Europeu, Rafael Grossi respondeu que "são precisos dois para dançar o tango".
O diretor da agência das Nações Unidas recordou que o Irão tem acumulado muito material nuclear e possui agora capacidades acrescidas, estando a usar o argumento das sanções norte-americanas para "aprimorar" o seu programa.
Grossi disse que tem conversado com os dois lados de forma "neutra e imparcial" e considera que um regresso dos Estados Unidos ao acordo é possível, embora seja ainda difícil, tendo em conta o volume de problemas que persiste no processo de negociações entre Washington e Teerão.
"Os Estados Unidos querem regressar. Mas há uma série de questões que ainda precisam de ser clarificadas", explicou o diretor da agência das Nações Unidas.
O objetivo final do acordo é evitar que o Irão desenvolva uma bomba nuclear, o que Teerão insiste em não querer fazer, apesar de ter armazenado já o urânio enriquecido suficiente para desenvolver um programa militar.
Ao mesmo tempo, Teerão impediu as inspeções da Agência Internacional de Energia Atómica, no âmbito das suas violações do tratado em protesto contra as sanções dos EUA.
No entanto, Rafael Grossi revelou hoje que o Governo iraniano prometeu fazer algumas cedências no fornecimento de informação, incluindo a partilha de imagens de vigilância das suas instalações nucleares.
"É verdade que é pouco. Mas permite manter um registo das atividades básicas que estão a acontecer", disse Grossi, acrescentando que é importante a sua agência aproveitar esta "janela de oportunidade diplomática" concedida por Teerão.
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