Sudão formaliza pedido à ONU para mediar negociações sobre barragem
O Sudão pediu hoje formalmente à Organização das Nações Unidas (ONU) para mediar as negociações entre Cartum e Cairo e Etiópia sobre a gestão e enchimento do reservatório da megabarragem etíope, construída sob o Nilo Azul.
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Mundo Nilo
"O primeiro-ministro enviou uma carta à ONU e outra aos Estados Unidos em que pediu que interviessem e desempenhassem um papel de mediador para resolver as divergências sobre a barragem do Renascimento", disse Faisal Saleh, porta-voz do chefe do Governo sudanês, Abdallah Hamdok, à agência France-Presse.
Por sua vez, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão indicou também, numa declaração, que Hamdok tinha escrito à ONU, aos Estado dos Estados Unidos da América (EUA), à União Europeia e à União Africana.
No mês passado, o Sudão tinha proposto que a mediação fosse realizada por estas quatro partes.
A construção da Grande Barragem do Renascimento Etíope, a maior barragem hidroelétrica de África, sobre o Nilo Azul, um rio que conflui com Nilo Branco e com o rio Atbara e origina o rio Nilo, tem instigado tensões graves entre os três países
Sudão e Egito temem que a construção do projeto, avaliado em mais de 4 mil milhões de dólares (mais de 3,5 mil milhões de euros) e que vai permitir à Etiópia gerar 6.000 megawatts de eletricidade, coloque o caudal do rio Nilo sob o controlo da administração etíope.
Com cerca de 6.000 quilómetros, o rio Nilo é uma fonte vital para o abastecimento de água e eletricidade para cerca de 10 países da África Oriental.
Em 21 de julho do ano passado, Adis Abeba anunciou que tinha alcançado o objetivo de enchimento para o primeiro ano.
Na ocasião, a Etiópia afirmou que o aumento da água na barragem se deveu às fortes chuvas, apontando que se tinha tornado "evidente nas últimas duas semanas da época chuvosa, que o primeiro ano de enchimento da barragem está concluído e a que barragem, ainda em construção, está a transbordar".
No dia 06 de março, o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, criticou a intenção da Etiópia em prosseguir com a segunda fase de enchimento da barragem.
Na ocasião, Egito e Sudão "concordaram em relançar as negociações através de uma mediação quadripartida".
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