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ONG denuncia destruição "deliberada" de estruturas de saúde em Tigray

As instalações de saúde na região de Tigray, na Etiópia, foram "deliberadamente e amplamente destruídas" e algumas foram ocupadas por soldados, disse hoje a organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) em comunicado.

ONG denuncia destruição "deliberada" de estruturas de saúde em Tigray
Notícias ao Minuto

09:26 - 15/03/21 por Lusa

Mundo Tigray

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, lançou uma intervenção militar na região de Tigray no início de novembro com o objetivo de derrubar o partido governante local, a Frente de Libertação do Povo de Tigray, acusado de ter atacado bases do exército federal.

"As estruturas de saúde na região etíope de Tigray foram saqueadas, vandalizadas e destruídas de forma deliberada e generalizada, de acordo com as observações das equipas da Médicos Sem Fronteiras no local", disse a ONG na nota à imprensa.

A organização disse ter visitado 106 estabelecimentos "entre meados de dezembro e o início de março", 70% dos quais foram "saqueados" e apenas 13% deles "funcionavam normalmente".

"Um em cada cinco estabelecimentos de saúde visitados pelas equipas de MSF estava ocupado por soldados. Em alguns casos, essa ocupação era temporária, em outros, continuava na época da visita", segundo o comunicado.

Em Abiy Addi (centro), o hospital foi ocupado até ao início de março pelas forças etíopes, para tratar os seus soldados, referiu a MSF, mas em Mugulat (leste), são os "soldados eritreus" que "usam" o centro de saúde local como uma estrutura militar.

A presença de soldados da Eritreia em Tigray, embora amplamente noticiada no terreno, é negada por Addis Abeba e Asmara.

O "saque" continua, denunciou a MSF.

"No hospital Adwa, no coração da região, equipamentos médicos, incluindo ecógrafos e monitores, foram quebrados deliberadamente", acrescentou a ONG.

A organização sublinhou que esta situação tem um forte impacto na população local, afetada pela insegurança e ausência de pessoal médico, obrigada a deslocar-se para centros menos equipados, muitas vezes a pé devido à requisição de ambulâncias pelos militares.

"As instalações de saúde devem ser reabilitadas e receber mais equipamentos e ambulâncias, os funcionários devem receber os seus salários e serem capazes de trabalhar em um ambiente seguro", disse Oliver Behn, diretor-geral da MSF, pedindo proteção a essa equipa.

Por sua vez, o Governo de Addis Abeba disse que a vida está a voltar ao normal em Tigray, inclusive no setor de saúde.

Num comunicado divulgado na noite de domingo, o Governo etíope disse que 75% dos hospitais em Tigray estavam "agora operacionais" e 10% "estavam a funcionar parcialmente".

O conflito em Tigray eclodiu em 04 de novembro último depois de o governo central atacar a Frente de Libertação do Povo de Tigray, em retaliação a um ataque das forças Tigray a uma base do exército etíope instalado naquele território.

Em 28 de novembro, após a tomada da cidade de Mekele, o Governo liderado por Abiy Ahmed anunciou o fim da ofensiva armada, mas as hostilidades continuam e a situação dos civis é precária, uma vez que não podem receber ajuda humanitária.

O Governo etíope mantém Tigray isolado e, até agora, rejeitou apelos da ONU e de muitos países para que permitisse a entrada de pessoal humanitário e especialistas que pudessem verificar o que está a acontecer com uma população local, estimada em cerca de cinco milhões de pessoas.

Leia Também: Governo etíope refuta acusação de "limpeza étnica" no conflito em Tigray

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