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Argentina cancela cimeira do Mercosul e suspende reunião com Bolsonaro

O Presidente argentino, aliado do ex-presidente Lula, alegou razões sanitárias para modificar de presencial a virtual a cimeira pelos 30 anos do Mercosul, provocando, assim, o cancelamento da reunião bilateral com o Presidente Jair Bolsonaro, inimigo de Lula.

Argentina cancela cimeira do Mercosul e suspende reunião com Bolsonaro
Notícias ao Minuto

22:16 - 13/03/21 por Lusa

Mundo Argentina

A decisão da Argentina de tornar a reunião do próximo dia 26 em Buenos Aires em virtual leva a que nenhum dos presidentes do bloco viaje à Argentina, cancelando automaticamente a reunião presencial dos líderes de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai como membros fundadores e Chile e Bolívia como membros associados.

"Perante a situação sanitária que afeta os países da região, o Presidente Alberto Fernández instruiu o chanceler Felipe Solá a comunicar aos seus pares do Mercosul que o encontro será de forma virtual", anunciou, em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Argentina, acrescentando que "a decisão é para proteger a saúde dos participantes".

O novo formato também implica o cancelamento da aguardada reunião presencial entre Alberto Fernández e Jair Bolsonaro, inimigos ideológicos, que nunca tiveram um encontro pessoal, embora um país seja o principal aliado estratégico do outro e, juntos, sejam o eixo da integração regional.

Jair Bolsonaro aproveitou o novo formato para dizer que "cancelou a sua ida à Argentina", dando a entender a sua decisão.

No dia 04 de março, o Presidente brasileiro confirmava a sua viagem à Argentina para a reunião com os presidentes do Mercosul e, em paralelo, uma reunião a sós com o Presidente argentino depois de 21 meses de farpas, ironias e ataques mútuos.

"Será a primeira vez que vamos conversar com o presidente da Argentina. Logicamente, (caso) ele queira - e eu quero - uma conversa reservada (entre) nós dois num canto e, publicamente, vamos tratar das questões económicas dos nossos países", afirmava Bolsonaro, quatro dias antes de o cenário político brasileiro se alterar por completo.

O encontro tinha ficado em dúvida nas esferas diplomáticas desde que, em 08 de março, a Justiça brasileira anulou as sentenças contra o ex-presidente Lula.

O Presidente argentino, Alberto Fernández, amigo de Lula, foi o primeiro líder estrangeiro a telefonar ao ex-presidente a felicitar as anulações das sentenças contra Lula da Silva, inimigo político de Bolsonaro.

"Nunca duvidei da tua inocência. Justiça foi feita", disse Fernández a Lula, que respondeu dizendo que "no seu coração está gravado o nome de Alberto Fernández".

"Tínhamos de ver como seria a presença de Bolsonaro em Buenos Aires agora com este discurso da esquerda de uma arbitrariedade da Justiça brasileira contra Lula que permitiu que Bolsonaro fosse presidente", explica o analista político argentino, Carlos Pagni, em referência às prováveis manifestações da esquerda argentina que vê Bolsonaro como um Presidente sem legitimidade.

Para Bolsonaro, a ligação entre Alberto Fernández e Lula torna o argentino automaticamente inimigo e reacende uma tensão que as diplomacias de Argentina e Brasil levaram mais de um ano para apagar.

Ainda como candidato, Alberto Fernández visitou Lula na prisão em julho de 2019, num episódio que levou Bolsonaro a ver o argentino como amigo do seu principal inimigo.

Quando ganhou nas urnas em 27 de outubro de 2019, Fernández pediu a liberdade de Lula durante o seu discurso de vitória.

No dia 22 de fevereiro passado, em videoconferência, Alberto Fernández disse "ter plena confiança de que o Brasil reverterá tudo o que está a acontecer no país nas próximas eleições de 2022".

Além da ligação entre Alberto Fernández e Lula, o Presidente argentino também é muito próximo do ex-presidente boliviano, Evo Morales, que se refugiou na Argentina durante 11 meses.

Neste sábado, a ex-presidente interina, Jeanine Áñez, inimiga de Morales e aliada de Bolsonaro, foi presa na Bolívia, acusada de "sedição".

A Argentina quer que a Bolívia se torne membro pleno do Mercosul para somar um aliado dentro do bloco já que Brasil, Paraguai e Uruguai são a favor de acordos de comércio livre com novos países e blocos enquanto a Argentina tem uma postura protecionista.

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