Muçulmano linchado quando tentava fugir da capital de Bangui
Um homem muçulmano foi hoje linchado por uma multidão em Bangui depois de cair de um camião cheio de pessoas que tentavam abandonar a capital da República Centro-Africana, disseram testemunhas.
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Mundo República Centro-Africana
O camião em causa integrava uma coluna de camiões e táxis carregados de muçulmanos que deixou hoje Bangui pela saída norte da cidade, sob os insultos da multidão de moradores.
Segundo um fotógrafo da agência France Presse, o corpo desmembrado da vítima estava ainda caído à beira da estrada ao final da manhã.
Um outro camião da coluna foi atacado por milícias cristãs "anti-Balaka", que dispersaram rapidamente após tiros de alerta da força africana, segundo um jornalista da AFP.
Perseguidos e maltratados pela população de maioria cristã da capital centro-africana, os muçulmanos, nacionais e estrangeiros, têm vindo a abandonar Bangui nos últimos meses.
O êxodo aumentou desde que os combatentes da ex-rebelião Séléka, de maioria muçulmana, foram obrigados ao acantonamento ou a partir e aumentaram as ações de represálias contra os civis muçulmanos, assimilados por uma parte da população aos ex-rebeldes responsáveis por abusos contra os cristãos.
Na quarta-feira, perante dezenas de testemunhas, militares lincharam um homem suspeito de estar ligado à antiga coligação rebelde Séléka, no final de uma cerimónia oficial realizada na capital, Bangui, em que a nova chefe de Estado celebrou o renascimento de um exército nacional.
A coligação Séléka, de maioria muçulmana, derrubou em março de 2013 o governo da RCA, país maioritariamente católico, desencadeando uma espiral de violência sectária, que já causou milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) criticou hoje a "extrema violência" que se regista na RCA há quase um ano, sublinhando que atingiu "níveis intoleráveis e sem precedentes".
"Em Bangui, os combates e as pilhagens não param. Apenas em janeiro, a MSF tratou perto de 1.650 feridos devido à violência, das duas comunidades", indicou a organização em comunicado.
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