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HRW pede que Senegal assegure investigação a mortes em protestos

A Human Rights Watch (HRW) apelou hoje às autoridades senegalesas para assegurarem uma investigação "independente e profunda" às mortes em manifestações nos últimos dias no país, pedindo também que o executivo respeite as liberdades de expressão e de reunião.

HRW pede que Senegal assegure investigação a mortes em protestos
Notícias ao Minuto

18:49 - 12/03/21 por Lusa

Mundo Senegal

"As autoridades senegalesas devem assegurar imediatamente uma investigação independente e profunda às alegadas mortes de pelo menos 10 pessoas e ferimentos de centenas nos protestos realizados no país desde 03 de março", refere um comunicado da organização não-governamental, publicado hoje no seu portal, referindo-se à agitação que se seguiu à detenção de Ousmane Sonko, importante figura da oposição.

No documento, a HRW evoca entrevistas realizadas a vários ativistas, manifestantes e jornalistas, as autoridades utilizaram gás lacrimogéneo e, em alguns casos, munições reais para dispersar os protestos e sinalizaram mais de 100 pessoas para serem detidas.

A diretora-adjunta da HRW para África, Ida Sawyer, assinalou que o Senegal "está a viver a sua pior agitação em anos e, com mais protestos planeados, as autoridades devem assegurar que as forças de segurança respeitam a lei".

"As recentes mortes e ferimentos de manifestantes devem ser investigadas de forma credível e os membros das forças de segurança responsáveis pelo uso de força excessiva ou ilícita devem ser responsabilizados", acrescentou.

O Senegal foi palco, nas últimas semanas, de confrontos entre jovens e forças de segurança, havendo também registo de pilhagens e saques depois da detenção do Sonko, terceiro classificado nas eleições presidenciais de 2019 e esperado candidato às de 2024.

À rua saíram também muitas pessoas revoltadas com o aumento do desemprego e com a deterioração da economia nacional, numa quebra impulsionada pela pandemia de covid-19 e consequentes restrições.

Alguns manifestantes, citados pela HRW, referem também estar frustrados com a falta de progresso nas reformas democráticas, vendo a detenção de Sonko como uma forma de eliminar a oposição política -- à semelhança do que aconteceu com os opositores Karim Wade e Khalifa Sall.

As tensões aliviaram-se na terça-feira, dia 09, depois de as autoridades terem libertado Sonko na véspera e de um discurso do Presidente do país, Macky Sall, em que este pediu um "apaziguamento".

A HRW recorda que em 05 de março, o ministro do Interior do Senegal, Antoine Félix Abdoulaye Diome, classificou os protestos como "atos de terror", "insurreição", "vandalismo" e "bandidismo", considerando-os ilegais face ao estado de emergência decretado para conter a pandemia.

A organização regista também que uma fonte governamental disse à Radio France Internationale (RFI) que pelo menos 10 pessoas morreram nos protestos.

A Amnistia Internacional documentou as mortes de pelo menos oito pessoas durante as manifestações, com algumas a serem "provocadas pelo uso excessivo de força e de armas de fogo pelas forças de segurança".

Já a Cruz Vermelha do Senegal reportou a morte de seis pessoas e ferimentos em pelo menos 590, das quais 232 receberam tratamento em centros de saúde.

De acordo com grupos senegaleses e internacionais de defesa dos direitos humanos, mais de 100 pessoas foram alegadamente detidas durante os protestos, com algumas a serem agredidas.

Na terça-feira, o coletivo de protesto senegalês Movimento de Defesa da Democracia (M2D) convocou manifestações "pacíficas" no país para sábado, exigindo a libertação do que considera serem prisioneiros "políticos".

Numa declaração lida à comunicação social, o M2D pediu também um dia de luto na sexta-feira, em homenagem às 11 pessoas que disse terem morrido na agitação da semana passada -- a pior desde 2012 no país, considerado como uma ilha de estabilidade na África Ocidental.

O M2D, citado pela agência France-Presse, apelou também a todos os senegaleses para se vestirem de branco na sexta-feira e pendurarem panos brancos na frente das suas casas e dos seus carros.

Sonko, presidente do partido Pastef, foi formalmente detido sob a acusação de perturbação da ordem pública. Mas no início de fevereiro foi alvo de uma queixa de violação apresentada por uma empregada de um salão de beleza, onde ia receber massagens.

O opositor alega ser vítima de uma conspiração desenhada pelo Presidente para o manter fora das próximas eleições presidenciais, algo que Macky Sall rejeita.

Leia Também: Cabo Verde confiante numa "resposta adequada" do Senegal aos confrontos

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