Etiópia: UE manifesta "grandes preocupações" com situação em Tigray
A União Europeia manifestou hoje "grandes preocupações" com a situação na região do Tigray, na Etiópia, e sublinhou que, apesar da "parceria estratégica" com o país, o Governo etíope deve "aumentar os esforços" para responder às necessidades da população.
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Mundo Etiópia
"O Conselho adotou hoje conclusões que sublinham, por um lado, o papel importante da Etiópia enquanto parceiro estratégico e enquanto ator multilateral chave e, por outro, reiteram as grandes preocupações da União Europeia (UE) no que se refere à situação no Tigray e no conjunto da região", lê-se num comunicado do Conselho da UE hoje publicado.
Reconhecendo que a Etiópia atravessa atualmente uma "situação doméstica complexa", com "implicações importantes" para o conjunto do Corno de África, a UE destaca que o conflito armado no Tigray "exacerba" essas "tensões" e apela a que a "instabilidade de longo prazo" e uma "maior escalada militar" sejam "evitadas".
"Nas conclusões, a UE insta todas as partes a pararem imediatamente com as violências na região do Tigray e a assegurar o acesso humanitário total, rápido e desimpedido a todas as pessoas com necessidades em todas as áreas", aponta.
O Conselho da UE toma também nota dos "esforços do Governo etíope para responder a algumas das necessidades das pessoas na região", mas afirma que é "necessário aumentar esses esforços" e garantir "total cooperação" com as Nações Unidas e com "todas as organizações humanitárias no terreno".
"O Conselho está extremamente preocupado com os relatos numerosos relativos a possíveis crimes de guerra, crimes contra a humanidade, assassinatos extrajudiciais e outras violações e abusos dos direitos humanos. A UE apela a que estas ações terminem imediatamente e a que os seus perpetradores sejam rapidamente trazidos perante a justiça", frisa o comunicado.
No âmbito da cooperação do Governo de Abiy Ahmed com organizações internacionais, a UE "encoraja" também a Etiópia a "fortalecer a sua relação com a União Africana" de maneira a "tomar decisões concertadas e pacíficas" que preservem a "estabilidade de toda a região" e a "assegurar uma solução política para o conflito".
"A UE quer continuar a manter um diálogo construtivo com o Governo etíope em todas estas áreas; a UE toma nota do processo de transição democrática vasto que está a ocorrer na Etiópia, com importantes reformas políticas e económicas a serem implementadas", lê-se na nota.
O bloco saúda ainda o "compromisso do governo etíope em organizar eleições transparentes", após o anúncio, pelo governo de Abiy Ahmed, de que as eleições gerais que deviam ter tido lugar em agosto de 2020 -- mas que foram adiadas devido à pandemia de covid-19 -- ocorrerão a 05 de junho.
O comunicado do Conselho da UE hoje publicado surge após a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês, Pekka Haavisto, à Etiópia em fevereiro, enquanto enviado do Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell.
Após o seu regresso, o chefe da diplomacia europeia tinha anunciado que iriam ser publicadas conclusões do Conselho da UE relativamente ao conflito na região do Tigray, hoje divulgadas.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, distinguido com o Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma operação militar em Tigray no passado dia 4 de novembro para derrubar as autoridades do partido governante nqauele estado, a Frente de Libertação Popular de Tigray (TPLF), cujas forças estaduais acusou de atacarem bases do exército federal no estado.
Desde então, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 60.000 pessoas fugiram da violência em Tigray, tendo procurado refúgio no vizinho Sudão.
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