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Empresas de Xinjiang processam investigador alemão por "calúnia"

Empresas e cidadãos de Xinjiang processaram o antropólogo alemão Adrian Zenz por "espalhar boatos" sobre o uso de "trabalho forçado" naquela região do noroeste da China, o que causou "perdas económicas", informou hoje a imprensa local.

Empresas de Xinjiang processam investigador alemão por "calúnia"
Notícias ao Minuto

13:40 - 09/03/21 por Lusa

Mundo Xinjiang

Um comunicado publicado no portal do Partido Comunista Chinês (PCC) em Xinjiang anunciou que a ação civil entrou num tribunal local contra Zenz, especialista em estudos sobre a China da Fundação em Memória das Vítimas do Comunismo, uma organização com sede nos Estados Unidos.

Um estudo de Zenz, citado por vários órgãos de comunicação internacionais, revelou que centenas de milhares de membros da minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur são submetidos a trabalhos forçados em Xinjiang.

Sem detalhar quais as empresas e cidadãos que processaram Zenz, o jornal oficial Global Times indicou que estes exigiram um pedido de desculpas e indemnizações, face às informações "caluniosas" que "causaram grandes perdas económicas às empresas produtoras e processadoras de algodão".

Em setembro passado, o Governo do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump proibiu a importação de certos produtos chineses originários daquela região, cuja população é maioritariamente muçulmana, alegando que eram fabricados com recurso a trabalho forçado.

Washington proibiu especificamente a importação de algodão de Xinjiang, que responde por cerca de 30% da produção chinesa daquele material e, posteriormente, de produtos relacionados com tomate.

O Congresso dos Estados Unidos aprovou ainda um projeto de lei que visa impor sanções aos responsáveis pelas alegadas violações dos Direitos Humanos em Xinjiang.

Em janeiro, o Governo de Trump alegou que o Governo chinês está a cometer genocídio em Xinjiang e, um mês depois, os parlamentos da Holanda e do Canadá aprovaram moções nesse sentido.

Em resposta, a China está a preparar legislação para conter "sanções e intromissões" externas e "enfrentar os desafios impostos por forças estrangeiras", segundo o relatório de trabalho produzido pela Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China.

Embora os detalhes ainda não sejam conhecidos, a legislação terá como objetivo "neutralizar as sanções que alguns países, incluindo os Estados Unidos, impuseram a autoridades e empresas chinesas, atacando a sua dignidade", segundo o Global Times.

Especialistas e organizações de defesa de direitos humanos acusam Pequim de reter em centros de detenção pelo menos um milhão de muçulmanos em Xinjiang, principalmente uigures, uma minoria de língua turca.

A China refuta e afirma que são "centros de formação profissional" destinados a prevenir o extremismo e a radicalização através do ensino de mandarim e de competências profissionais.

Porta-vozes do Governo chinês asseguraram que as acusações de trabalhos forçados são feitas por "forças anti-China" e que os testemunhos dos uigures a viver fora do país constituem uma "ficção".

Zenz garantiu ainda que as mulheres uigur estão a ser submetidas a práticas de esterilização, como a implantação de um dispositivo intrauterino ou o aborto forçado.

A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou, em fevereiro passado, a sua preocupação com a situação dos Direitos Humanos na China, onde as "liberdades cívicas continuam a ser restringidas em nome da segurança nacional e da prevenção contra a covid-19".

Bachelet pediu um exame completo da situação dos Direitos Humanos em Xinjiang e levantou a possibilidade de fazer uma viagem oficial à China para avaliar a situação no país, se conseguir a aprovação de Pequim.

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