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Estatísticas de género e valorização do cuidado essenciais para igualdade

Mais e melhores estatísticas de género e a atribuição de um valor económico às tarefas de cuidado, sobretudo asseguradas por mulheres, são essenciais para se atingir a igualdade, defenderam hoje especialistas, num seminário em Lisboa.

Estatísticas de género e valorização do cuidado essenciais para igualdade
Notícias ao Minuto

12:29 - 05/03/21 por Lusa

Mundo UE/Presidência

Promovido pela presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE) e pelo Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE, na sigla em inglês), o seminário internacional "Igualdade de género como fator de recuperação" juntou decisores e especialistas para sublinhar a importância de ter em conta os impactos diferenciados da crise provocada pela pandemia de covid-19 em mulheres e homens.

"Quando iniciámos a presidência, sabíamos que o impacto da covid-19 ia começar a mostrar-se", assinalou, na abertura do seminário digital, a partir de Lisboa, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, recordando que "atrás dos números está a dura realidade" que revela um maior impacto sobre as mulheres.

"A igualdade entre mulheres e homens é um motor para a recuperação, uma condição para o desenvolvimento sustentável", assinalou, frisando que "os momentos de crise revelam a urgência do fator 'género' nas políticas que se adota".

Realçando que a igualdade de género "é uma prioridade" da presidência portuguesa, a ministra notou como "as mulheres, na linha da frente, continuam a ser deixadas para trás".

Para evitar que isso aconteça, a investigadora do EIGE Lina Salanauskaite defende mais e melhores dados, nomeadamente nas "sofisticadas" previsões económicas, que pouco mostram sobre "a segregação" no mercado de trabalho.

"Ainda temos de escavar para conseguir estatísticas" sobre o impacto em mulheres e homens, observou.

A investigadora da agência europeia realçou ainda que os jovens estão a ser "desproporcionalmente afetados" pela crise. Entre eles, o impacto é maior nas mulheres, que, na primeira vaga da pandemia, viram desaparecer 10% dos empregos (em relação ao mesmo período de 2019). A taxa foi ligeiramente mais baixa nos jovens de sexo masculino (9%).

Já Lina Coelho, perita na Comissão Europeia, insiste na necessidade de valorizar as tarefas de cuidado e assistência à família, sobretudo asseguradas por mulheres.

"O cuidado é um pilar fundamental da estabilidade e coesão social. O valor económico do cuidado é agora muito mais evidente do que antes da pandemia", notou, exortando ainda os Estados-membros a incluírem mulheres no planeamento e desenvolvimento das medidas de recuperação.

Aos países que tenham dúvidas sobre "o valor económico do cuidado", Lina Coelho pede-lhes para imaginarem um mundo em que as mulheres não asseguravam a assistência à família. "Em que situação estaríamos agora? As nossas sociedades não funcionariam", afiança.

A especialista alertou ainda para o facto de as mulheres terem "menos acesso e menor experiência em competências digitais", estando "potencialmente em desvantagem" num contexto de trabalho remoto.

No mesmo seminário, a "otimista" comissária europeia para a Igualdade considerou que "a crise é uma oportunidade para acelerar os esforços em direção à igualdade de género e aos direitos das mulheres e para concretizar a Estratégia Europeia para a Igualdade de Género 2020-2025", em vigor há um ano.

Helena Dalli lembrou que a Comissão Europeia apresentou na quarta-feira uma proposta de diretiva da transparência salarial, "um passo necessário para fechar o fosso existente entre mulheres e homens".

A comissária saudou a intenção da presidência portuguesa de começar a discutir a proposta "tão rápido quanto possível".

Carlien Scheele, diretora do EIGE, também participante no seminário, resumiu a necessidade de "colocar a igualdade de género no coração da recuperação" da União Europeia, recordando que os Estados-membros vão ter de avaliar e justificar o impacto de género dos seus planos nacionais de resiliência.

Leia Também: "Impacto da pandemia é distinto". Mulheres estão a ser "mais afetadas"

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