"Devo refutar a sugestão absurda de que alguém agiu com malícia ou de que fazia parte de uma conspiração contra Alex Salmond", afirmou hoje, perante a Comissão sobre a administração de queixas de assédio pelo governo escocês.
Porém, também admitiu que um "erro muito grave" foi cometido ao investigar as queixas contra Salmond e que foram prejudicadas duas mulheres e gasto desnecessariamente dinheiro dos contribuintes.
"Embora eu não estivesse ciente do erro na altura, sou a chefe do governo escocês, por isso quero aproveitar esta oportunidade para pedir desculpas às duas mulheres envolvidas e à população em geral", disse.
Ainda assim, acrescentou: "Acredito que agi de maneira adequada e apropriada e que, no geral, fiz a melhor decisão que pude".
Sturgeon está a prestar o testemunho numa audição à comissão parlamentar que analisa alegadas irregularidades do sistema governamental de queixas de cariz sexual a Alex Salmond, um processo que já foi definido pela justiça escocesa como "fraudulento e viciado".
Em março de 2020, Salmond foi absolvido por um tribunal de 13 crimes sexuais, enquanto o Governo escocês já havia sido condenado em 2019 a indemnizá-lo em 555 mil euros por ter saltado um procedimento legal na investigação interna de duas dessas denúncias.
Na semana passada, Alex Salmond acusou a sua sucessora de mentir ao Parlamento e violar as normas de conduta que regem o governo autónomo da Escócia (Código Ministerial) por não ter informado aquando das reuniões que mantiveram durante a gestão das denúncias de assédio que duas trabalhadoras haviam apresentado queixas contra si.
Os dois líderes nacionalistas tiveram uma reunião na residência privada de Sturgeon, na qual Salmond expressou a sua preocupação sobre as queixas apresentadas e para pedir sua mediação, disse o ex-primeiro-ministro.
Essa reunião havia sido combinada dias antes entre o chefe de gabinete de Salmond e a própria chefe do SNP.
A presidente nacionalista afirmou, em várias ocasiões no parlamento, que não tinha conhecimento da situação e que a reunião não foi registada porque era apenas o Partido Nacionalista Escocês, mas não o Governo, e ela não via necessidade disso.
Naquela reunião, de acordo com a versão de Salmond, a sua sucessora mostrou-se pouco familiarizada com o assunto e "estava disposta a cooperar" num processo de mediação, uma opção que não estava contemplada no regulamento "tendencioso e irregular" sobre denúncias de assédio sexual.
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