Primeiro-ministro arménio diz preparado para eleições antecipadas
O primeiro-ministro arménio, Nikol Pachinian, pressionado a demitir-se pela oposição, manifestou-se hoje disposto a convocar eleições legislativas antecipadas para ultrapassar a crise política no país do sul do Cáucaso.
© Reuters
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"Se a oposição parlamentar estiver de acordo com eleições antecipadas, nós também estaremos de acordo", disse Pachinian, cujo partido dispõe atualmente de uma maioria no parlamento, e perante milhares de apoiantes concentrados no centro da capital Erevan.
"Vou fornecer uma segunda hipótese [à oposição], vamos a eleições para ver de quem é a demissão exigida pelo povo", declarou.
"Foi o povo que me deu o estatuto de primeiro-ministro e será o povo que me poderão afastar", acrescentou Pachinian na sequência de uma vaga de contestação popular ao regime do ex-Presidente Serge Sarkissian.
A oposição exige a demissão de Nikol Pachinian, qualificado de "traidor" após ter aceitado em novembro, sob pressão, um acordo de paz que confirmou a derrota militar face ao vizinho e rival Azerbaijão em torno do enclave separatista do Nagorno-Karabakh.
A crise política que se sucedeu após a humilhante derrota de novembro face ao vizinho e rival Azerbaijão registou na passada quinta-feira um novo desenvolvimento após um apelo do estado-maior das Forças Armadas à demissão de Pachinian, que de imediato denunciou uma tentativa de golpe de Estado e reuniu cerca de 20.000 apoiantes na capital Erevan.
Desde então, têm-se seguido as manifestações de sinal contrário na capital arménia, com os apoiantes da oposição a erguerem barricadas, montarem tendas, e bloquearam as ruas em redor do parlamento.
A oposição exige o afastamento do primeiro-ministro -- no poder desde 2018 e com um programa assente numa estratégia de "revolução pacífica" --, após a derrota na guerra pelo controlo da região do Nagorno-Karabakh em novembro passado.
Na ocasião, e confrontado com o risco de colapso, o exército pediu ao chefe de Governo para aceitar as condições de um cessar-fogo negociado pelo Presidente russo Vladimir Putin, e que implicava importantes perdas territoriais para a Arménia.
Apesar de ter sido garantido o essencial da região separatista arménia do Nagorno-Karabakh, a Arménia perdeu a cidade simbólica de Shusha, e ainda diversos territórios azeris que circundavam a região. Em seis semanas, o conflito provocou perto de 6.000 mortos.
A hierarquia militar apoiava até ao momento o primeiro-ministro, mas retirou-lhe o apoio na semana passada após o afastamento de um oficial superior que criticou as declarações de Pachinian, pelas quais a derrota foi devida em parte à ineficácia de um sistema de armamento russo, os lança-mísseis Iskander.
O estado-maior arménio exigiu a demissão de Pachinian, ao considerar "já não possuir condições para tomar as decisões que se impõem", e acusando-o de "ataques destinados a desacreditar as Forças Armadas".
No entanto, esta declaração não foi acompanhada por qualquer movimentação de tropas.
Na sequência da sua independência da URSS em 1991, a Arménia já registou uma série de crises e revoltas, à semelhança das restantes ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso do Sul.
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