Síria: ONU denuncia esforços para ocultar abusos em centros de detenção
O regime sírio e as fações em guerra no país esforçam-se mais para encobrir o "sofrimento inimaginável" infligido nos centros de detenção do que para encontrar os culpados, acusa hoje um relatório da ONU.
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Mundo ONU
"Após 10 anos de guerra, desapareceram dezenas de milhares de civis detidos arbitrariamente na Síria e milhares de outros foram alvo de tortura, violência sexual ou morreram sob custódia", lembra o relatório da Comissão de Investigação da ONU sobre a Síria.
No entanto, "a atenção parece estar voltada para a maneira de encobrir, em vez de investigar sobre os crimes cometidos nos centros de detenção", declarou Karen Koning AbuZayd, uma das três pessoas encarregadas do relatório, citada num comunicado.
A comissão, presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, tem informado regularmente sobre suspeitas de violações e abusos dos direitos humanos desde o início da guerra civil.
De acordo com o relatório, o governo sírio prendeu e deteve indivíduos arbitrariamente e cometeu "crimes de guerra e crimes contra a humanidade no contexto da detenção". Outras partes no conflito também cometeram crimes ao privar indivíduos de liberdade de forma ilegal e arbitrária, adianta.
O documento, pedido pelo Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, baseia-se em 2.500 entrevistas realizadas durante um período de 10 anos e inquéritos a uma centena de centros de detenção, implicando "todas as partes que controlaram território na Síria desde 2011".
Existem vários testemunhos sobre as atrocidades cometidas, como o de uma jovem violada pelas forças do governo de Bashar al-Assad, para quem "a parte mais difícil é a dor emocional".
A comissão sublinha que as detenções arbitrárias foram "uma prática ininterrupta no conflito sírio", adiantando que todas as violações dos direitos humanos "ocorreram com o conhecimento e acordo dos governos que apoiam as várias partes no conflito".
"Centenas de milhares de familiares têm direito à verdade sobre o destino de seus entes queridos", disse Paulo Sérgio Pinheiro.
A comissão pediu ao governo em Damasco que tome medidas urgentes para revelar o destino dos desaparecidos, apelando o relatório a todas as partes para pararem e prevenirem as violações dos direitos humanos, permitirem a monitorização independente dos centros de detenção e fornecerem apoio às vítimas.
O relatório deve ser apresentado ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU no próximo dia 11 para ser discutido pelos seus membros.
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