Myanmar: Junta militar demite embaixador junto das Nações Unidas
A junta militar no poder em Myanmar demitiu hoje o seu embaixador nas Nações Unidas, um dia após o distanciamento do diplomata relativamente ao regime que tomou controlo do país através de um golpe de estado.
© Reuters
Mundo Myanmar
Na sexta-feira, o embaixador de Myanmar na ONU, Kyaw Moe Tun, demarcou-se da junta militar no poder, pedindo o fim do golpe e exigindo da comunidade internacional a "ação mais forte possível" "contra os seus responsáveis.
"Precisamos da ação mais forte da comunidade internacional para terminar imediatamente o golpe militar, acabar com a opressão dos inocentes e restaurar o poder do povo no Estado", disse o diplomata.
Kyaw Tun falou com voz embargada e foi fortemente aplaudido no final do seu discurso na Assembleia Geral da ONU, que se reuniu para uma sessão especial sobre Myanmar (antiga Birmânia).
Hoje, a junta militar de Myanmar anunciou que retirou confiança ao seu embaixador nas Nações Unidas, acrescentando que ele deixa de representar os interesses do país junto da organização internacional.
O anúncio da demissão do embaixador acontece numa altura em que as forças leais à junta militar aumentam a violência sobre os manifestantes que protestam contra o golpe de estado, usando gás lacrimogéneo, balas de borracha e, por vezes, munições reais para dispersar a multidão que tem saído às ruas nos últimos dias.
Nas últimas horas, as autoridades de segurança usaram granadas de atordoamento, contra os manifestantes, e detiveram pelo menos três jornalistas.
Uma organização não governamental estima que, desde o golpe de estado, a junta militar já deteve mais de 770 pessoas, incluindo 680 que ainda não foram libertadas.
Os militares justificam o golpe de estado alegando fraude eleitoral cometida nas eleições legislativas de novembro passado, nas quais a Liga Nacional para a Democracia, partido de Suu Kyi, venceu por esmagadora maioria.
Tanto os observadores internacionais como a comissão eleitoral deposta pela junta militar após a tomada do poder negaram a existência de irregularidades, apesar da insistência de alguns comandantes do Exército, cujo partido detém 25% dos lugares no Parlamento.
A comunidade internacional tem anunciado sanções contra os líderes do golpe militar, incluindo o general Min Aung Hlaing, presidente do Conselho Administrativo de Estado e autoridade máxima em Myanmar.
Na quinta-feira, a rede social Facebook bloqueou todos os perfis relacionados com o novo regime em Myanmar, incluindo os do Governo e dos meios de comunicação agora controlados pela junta militar, devido ao "grave registo de violações dos direitos humanos cometidas pelo Exército e o óbvio risco de incidentes violentos incitados pelos militares".
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