Ex-primeiro-ministro escocês acusa Sturgeon de mentir ao Parlamento
O ex-primeiro-ministro escocês Alex Salmond criticou hoje a sua sucessora e atual chefe do Executivo, Nicola Sturgeon, acusando-a de mentir ao Parlamento e violar as normas do Governo quando Salmond estava a ser investigado por acusações de assédio sexual.
© Reuters
Mundo Escócia
"Não tenho dúvidas de que Sturgeon violou o Código Ministerial", disse Salmond à comissão parlamentar que analisa as irregularidades do sistema governamental de queixas de cariz sexual acionado quando este foi acusado, um processo que já foi definido pela justiça escocesa como "fraudulento e viciado".
Em março de 2020, Salmond foi absolvido por um tribunal de 13 crimes sexuais, enquanto o Governo escocês já havia sido condenado em 2019 a indemniza-lo em 555 mil euros por ter saltado um procedimento legal na investigação interna de duas dessas denúncias.
O ataque lançado hoje pelo ex-primeiro-ministro durante a investigação parlamentar dessas irregularidades intensifica a guerra interna na independência escocesa, embora Salmond tenha evitado elevar ainda mais o tom e pedir a renúncia do atual líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP).
O antigo líder independentista e mentor de Sturgeon assegurou que a sua sucessora violou as regras de conduta que regem o governo autónomo da Escócia (Código Ministerial) por não ter informado aquando das reuniões que mantiveram durante a gestão das denuncias de assedio que duas trabalhadoras haviam apresentado contra si.
Os dois líderes nacionalistas tiveram uma reunião na residência privada de Sturgeon, na qual Salmond expressou a sua preocupação sobre as queixas apresentadas e para pedir sua mediação, disse o ex-primeiro-ministro.
Essa reunião havia sido combinada dias antes entre o chefe de gabinete de Salmond e a própria chefe do SNP.
A presidente nacionalista afirmou, em várias ocasiões no parlamento, que não tinha conhecimento da situação e que a reunião não foi registada porque era apenas o Partido Nacionalista Escocês, mas não o Governo, e ela não via necessidade disso.
Naquela reunião, de acordo com a versão de Salmond, a sua sucessora mostrou-se pouco familiarizada com o assunto e "estava disposta a cooperar" num processo de mediação, uma opção que não estava contemplada no regulamento "tendencioso e irregular" sobre denúncias de assédio sexual.
Apesar disso, Sturgeon mudou de ideia com o passar das semanas.
Durante quase seis horas, Salmond teve a oportunidade de explicar perante a comissão aquilo que define como o um plano desenhado com malicia contra a sua pessoa, com o objetivo de "tira-lo da vida pública e envia-lo para a prisão"
Segundo Salmond, "houve pressão sobre a polícia, pressão sobre as testemunhas" e até "criação de provas e unificação do discurso", tudo isso elaborado a partir das esferas superiores da formação política da qual era dirigente, entre eles o chefe Executivo do partido e marido de Sturgeon, Peter Murrell.
Questionado se acreditava que a primeira-ministra da Escócia estava envolvida nessas manobras, Salmond respondeu que "não tinha provas".
"Só posso falar do que tenho provas", disse, referindo-se, entre outros documentos, a mensagens recolhidas pelo Ministério Público.
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