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Arménia. Primeiro-ministro contestado junta-se a manifestação

O primeiro-ministro da Arménia, Nikol Pashinyan, ordenou hoje ao exército para "fazer o seu trabalho", após o apelo do Estado-Maior à sua demissão, qualificada pelo chefe do Governo de tentativa de golpe de estado.

Arménia. Primeiro-ministro contestado junta-se a manifestação
Notícias ao Minuto

14:26 - 25/02/21 por Lusa

Mundo Arménia

"O exército não pode tomar parte nos processos políticos e deve obedecer ao povo e às autoridades eleitas", disse Pashinyan perante uma multidão de cerca de 20.000 apoiantes que se concentraram no centro de Erevan, a capital deste país do Cáucaso do Sul.

A cerca de um quilómetro, num outro local do centro da cidade, entre 10.000 a 13.000 apoiantes da oposição estavam também reunidas para exigir a demissão do primeiro-ministro.

Previamente, o principal partido da oposição da Arménia tinha apelado ao primeiro-ministro para considerar a "última oportunidade" de uma saída do poder sem violência e "evitando uma guerra civil".

"Apelamos a Nikol Pashinyan a não conduzir o país para a guerra civil e ao derramamento de sangue. Pashinyan tem uma última oportunidade de sair sem problemas", disse o Partido para a Prosperidade da Arménia.

O Ministério da Defesa também se pronunciou sobre a situação interna ao denunciar "tentativas inadmissíveis de politicar o exército após o apelo do Estado-Maior à demissão do chefe do Governo.

"O exército não é uma instituição política e as tentativas de envolvimento no processo político são inaceitáveis", sublinhou o ministério em comunicado, acrescentando que estas posições constituem "uma ameaça à estabilidade e à segurança" da Arménia.

Em paralelo, o Presidente arménio disse estar a preparar "medidas urgentes" para ultrapassar a crise, e na sequência do apelo da hierarquia militar.

"Estou a adotar medidas urgentes para travar as tensões", declarou sem mais detalhes Armen Sarkissian, com funções essencialmente protocolares.

"Apelo a cada um, órgão do Estado, forças da ordem, forças políticas e todos os cidadãos, à contenção e ao bom senso", acrescentou.

Em Budapeste, onde se encontra em visita oficial, o chefe da diplomacia da Turquia disse que o seu país "condena firmemente" a "tentativa de golpe" na Arménia um país vizinho com o qual mantém relações turbulentas.

"Opomo-nos aos golpes de estado ou às tentativas de golpe de estado em todo o mundo. Em consequência, condenamos firmemente a tentativa de golpe na Arménia", declarou Mevlut Cavusoglu durante uma conferência de imprensa em Bucareste com o seu homólogo húngaro.

As tentativas de golpe apenas contribuem para desestabilizar a região, e é também por isso que nos opomos", acrescentou.

A Turquia constituiu um aliado decisivo do Azerbaijão no seu conflito armado em finais de 2020 com a Arménia em torno no enclave do Nagorno-Karabakh, e que resultou numa pesada derrota militar dos arménios.

A Rússia, também com influência decisiva na região, manifestou por sua vez preocupação com a situação de instabilidade no seu principal aliado do Cáucaso do Sul.

"Seguimos a situação na Arménia com preocupação (...) e claro que apelamos a todas as partes para manterem a calma", declarou aos 'media' o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov.

Os recentes desenvolvimentos ocorrem depois de manifestações durante o último fim de semana em que foi exigida a demissão do chefe do executivo.

Os mais recentes combates no Nagorno-Karabakh, um enclave em disputa entre os dois países vizinhos desde 1988, deflagraram em 27 de setembro e prolongaram-se por 44 dias.

Na sequência do acordo de cessar-fogo mediado por Moscovo que pôs termo ao conflito em 10 de novembro, o Azerbaijão passou a controlar mais de dois terços do território do Karabakh.

Os protestos internos contra Pashinyan iniciaram-se quase de imediato, promovidos por setores nacionalistas da oposição que consideraram o acordo uma "humilhação" para o seu país.

A Arménia e o Azerbaijão, ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso do Sul, declararam a independência em 1991.

O Nagorno-Karabakh, região em território azeri e atualmente habitada quase exclusivamente por arménios (cristãos ortodoxos), declarou independência do Azerbaijão muçulmano após uma guerra entre 1992 e 1994 que provocou cerca de 30.000 mortos e centenas de milhares de refugiados.

Na sequência dessa guerra, foi assinado um cessar-fogo em 1994 e aceite a mediação do Grupo de Minsk (Rússia, França e EUA), constituído no seio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), mas as escaramuças armadas continuaram frequentes, em particular durante a guerra de quatro dias em 2016.

A declaração de independência do Nagorno-Karabakh foi legitimada por três referendos organizados pelas autoridades arménias locais (1991, 2006 e 2017) mas nunca foi reconhecida internacionalmente, incluindo pela Arménia.

Em meados de dezembro as suas partes iniciaram a troca de prisioneiros de guerra na sequência do conflito em torno da região do Nagorno-Karabakh, com um balanço de mais de 5.500 mortos entre as forças militares dos dois países.

Leia Também: Rússia expressa preocupação sobre situação política e militar na Arménia

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