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Crise no estado etíope de Tigray parece "fora de controlo"

A crise no estado etíope de Tigray, palco de um conflito entre as autoridades locais dissidentes e o Governo federal, parece "fora de controlo", afirmou hoje o chefe de diplomacia finlandesa, Pekka Haavisto, que visitou recentemente o país.

Crise no estado etíope de Tigray parece "fora de controlo"
Notícias ao Minuto

15:39 - 23/02/21 por Lusa

Mundo Tigray

"A situação é incontrolável militarmente, humanamente e a nível humanitário", afirmou numa reunião com a imprensa em Bruxelas, Pekka Haavisto, que esta segunda-feira informou os ministros dos negócios estrangeiros dos 27 países Estados-Membros europeus sobre os resultados da missão para a União Europeia (UE) que concluiu na Etiópia.

O Tigray é palco de combates desde o início de 04 de novembro de 2020, data em que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército etíope para desalojar a Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), o partido que então governava o estado etíope no norte da Etiópia, e que vinha há vários meses a desafiar a autoridade de Adis Abeba.

Abiy justificou a operação militar como resposta a um ataque prévio das forças estaduais do Tigray a uma base do exército federal.

As tropas federais tomaram a capital regional, Mekele, no final de novembro, mas o TPLF garante que os combates continuam e o relato de confrontos tem servido a Adis Abeba para justificar o impedimento da entrega de ajuda humanitária à região, cujo território se encontra inacessível em mais de 80%, segundo o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrel, em declarações à comunicação social esta segunda-feira.

"Esta operação dura há mais de três meses e não vemos o seu fim", afirmou hoje Haavisto, que em fevereiro se deslocou a Adis Abeba, onde se encontrou com Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2019.

O ministro finlandês lamentou que os líderes etíopes não tenham fornecido uma "imagem clara" da situação em Tigray, particularmente no que diz respeito ao envolvimento militar amplamente documentado de forças da vizinha Eritreia.

"A questão das tropas da Eritreia é extremamente sensível. Não estamos, portanto, a obter uma resposta clara sobre a localização ou a escala da sua presença", afirmou Haavisto.

Tanto Adis Abeba como Asmara negam o envolvimento das forças eritreias no conflito, apesar dos testemunhos de civis, trabalhadores humanitários e de vários funcionários militares e governamentais.

A UE juntou-se aos EUA na exigência de uma retirada das tropas da Eritreia.

Pekka Haavisto reiterou ainda os apelos urgentes da comunidade internacional para que o Governo etíope permita o pleno acesso humanitário ao Tigray, inclusive a áreas fora do seu controlo.

"Precisamos de uma 'luz verde' do Governo etíope para negociar o acesso às áreas controladas pela Eritreia e às áreas controladas pela oposição [TPLF]", disse o diplomata finlandês.

Haavisto advertiu que outro vizinho da Etiópia, o Sudão, está a enfrentar dificuldades para gerir o influxo de dezenas de milhares de etíopes de Tigray em fuga à guerra, e que estes refugiados podem querer chegar à Europa.

Pode estar em causa "o início de outra crise de refugiados potencialmente importante no mundo", afirmou. "Se nada for feito, as condições de vida [de uma população de seis milhões de tigray] irão piorar, e cada vez mais refugiados chegarão", advertiu.

A Comissão Europeia suspendeu em dezembro último cerca de 90 milhões de euros de ajuda orçamental à Etiópia, porque Adis Abeba não conseguiu assegurar o pleno acesso humanitário ao estado do Tigray.

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