França em "guerra" com China na ajuda a desenvolvimento dos países pobres
O ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, reconheceu hoje que, na ajuda ao desenvolvimento, há uma "guerra de modelos" com a China, na qual está em jogo a influência internacional.
© REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
Mundo França
"Na ajuda ao desenvolvimento há uma guerra de modelos", disse o ministro à imprensa francesa, detalhando a nova lei de França, que elevará de 10 mil milhões para 15 mil milhões de euros o orçamento anual para o apoio ao desenvolvimento dos países mais pobres.
Le Drian explicou que, enquanto Pequim concede empréstimos para a construção de infraestruturas, a França vai apostar mais em acordos com autoridades locais e organizações que respeitam as identidades dos países beneficiários.
"Os países africanos começam a perceber que o endividamento excessivo que têm com a China causa problemas", argumentou o chefe da diplomacia francesa, considerando que há países que "fazem da ajuda ao desenvolvimento um instrumento de predação".
Bancos estatais e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para projetos lançados no âmbito do plano de infraestruturas 'uma faixa, uma rota', que inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático.
Críticos da iniciativa apontam para um aumento problemático do endividamento, que em alguns casos coloca os países numa situação financeira insustentável.
O ministro observou que a China também está a usar a diplomacia das vacinas para aumentar a sua influência em África, mas alertou que "tirar fotos de vacinas em aeroportos não significa ter uma política de vacinação".
"Faremos as contas no final", frisou Le Drian, que defendeu a política europeia de compra conjunta de vacinas e garantiu que, a partir do final deste mês, começarão a ser distribuídas aos países mais necessitados.
Le Drian disse que a "imunidade coletiva" contra a covid-19 é "essencial" e destacou que a Europa já comprou dois mil milhões de vacinas, mas que no planeta há 7,5 mil milhões de pessoas.
O ministro reconheceu que a França ficou para trás na ajuda ao desenvolvimento por falta de meios e de uma lei adequada para a sua distribuição, mas indicou que, a partir de agora, vai aumentar os recursos e, sobretudo, melhorar a eficiência no financiamento de projetos específicos.
Além de focar a ajuda nos 18 países mais pobres da África e no Haiti, França vai concentrar-se em projetos voltados para a educação, saúde, igualdade do género e combate ao aquecimento global.
Acrescentou que boa parte dessa ajuda será feita através de doações, porque esses países já atingiram um alto nível de endividamento.
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