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'Fake news' são "novo normal" e há "transição" mundial para "nova ordem"

As 'fake news' (desinformação) são "o novo normal" e o mundo está "em transição para uma nova ordem menos liberal, menos ocidental e menos democrática", foram hoje as conclusões de dois especialistas portugueses em cibersegurança e relações internacionais.

'Fake news' são "novo normal" e há "transição" mundial para "nova ordem"
Notícias ao Minuto

14:48 - 15/02/21 por Lusa

Mundo Especialistas

A conferência internacional virtual "Cooperação EU-NATO", organizada pelo Instituto da Defesa Nacional, o primeiro de quatro eventos do género preparados no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho Europeu, contou ainda com a participação do chefe do setor de cibersegurança do Serviço Europeu de Ação Externa [EEAS -- Negócios Estrangeiros e diplomacia da União Europeia (UE)], o polaco Wiktor Staniecki, entre outros.

"As 'fake news' são o novo normal. A crise da covid-19 é um bom exemplo de como se pode criar a confusão e o caos entre os cidadãos e aproveitar para degradar os regimes democráticos liberais e as suas instituições, com manobras de desinformação e contrainformação", defendeu o diretor do Centro de Inteligência e Situação da UE (INTCEN), o português Casimiro Morgado.

Segundo o antigo dirigente do Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa (SIED) português, "há agora o recurso à inteligência artificial para os ataques cibernéticos -- ou seja, já não são pessoas reais a fazê-los -- e campanhas de propaganda ou desinformação" e, "ainda por cima, a tecnologia evoluiu de tal forma que é possível selecionar alvos dessas 'fake news', por exemplo, consoante os gostos particulares, características pessoais dos indivíduos".

"Vivemos um tempo de transição no mundo. Da ordem liberal, propulsionada pelos Estados Unidos da América, a seguir à II Guerra Mundial, para uma nova ordem menos liberal, menos ocidental, menos democrática", resumiu André Barrinha, professor de Relações Internacionais na Universidade de Bath (Inglaterra) e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

O responsável pela cibersegurança do corpo diplomático europeu, Staniecki, sublinhou o desafio em que consiste a "natureza constantemente mutante das ameaças", mas enalteceu a "grande evolução desde 2013" na cooperação entre estados-membros e entre a UE e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) na partilha de informações para "prevenir, responder e eliminar" os perigos.

"As tecnologias estão a ser utilizadas como armas para fins maliciosos. Há um verdadeiro risco de instabilidade e de insegurança no ciberespaço. Somos cada vez mais vulneráveis porque cada vez se usa mais a Internet e os meios digitais, quer para a atividade económica das empresas e cidadãos, quer para a administração de cada Estado", avisou.

O membro honorário do Colégio Europeu de Segurança e Defesa, sob alçada do EEAS, o belga Sven Biscop, defendera antes que "qualquer ataque cibernético ou híbrido a um estado-membro deve ser compreendido como um ataque a todos os estados-membros e há que agir em conformidade, tal como num homicídio de um cidadão de um país europeu em território de outro país europeu".

Leia Também: Fake News: UE quer regras para digital em vez de acatar as impostas por Silicon Valley

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