Meteorologia

  • 23 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 13º MÁX 24º

Manifestantes na Grécia contra regresso da polícia às universidades

Milhares de estudantes e professores protestaram hoje em diversas cidades da Grécia contra um controverso projeto-lei que pretende instaurar um corpo especial de polícia nas universidades, e que originou confrontos frente ao parlamento em Atenas.

Manifestantes na Grécia contra regresso da polícia às universidades
Notícias ao Minuto

15:52 - 10/02/21 por Lusa

Mundo Grécia

A nova legislação também contempla a limitação do acesso à universidade através de provas de admissão mais estritas, outro motivo de indignação entre os estudantes, pais e professores e uma medida também hoje contestada nas ruas do país.

Na capital grega, perto de 5.000 pessoas, segundo a polícia, ignoraram a proibição de ajuntamentos de mais de 100 pessoas, decretada pelo Governo conservador para contar a pandemia de covid-19 e concentraram-se frente ao parlamento, que se prepara para debater a nova legislação.

A polícia usou gás lacrimogéneo e granadas ensurdecedoras para dispersar a multidão e pelo menos 20 pessoas foram detidas, indicou a agência noticiosa AFP.

No desfile, os estudantes denunciaram em longas faixas o "autoritarismo" do Governo e a "falta de concertação" com a comunidade universitária antes da adoção desta medida.

"Queremos milhões para as universidades e a investigação, e não para criar um corpo de polícias nas faculdades", indignou-se um sindicalista de megafone em punho.

Em Salónica (norte), a segunda cidade do país, cerca de 1.000 estudantes, ainda segundo a polícia, saíram às ruas, e também ocorreram pequenas escaramuças com as forças de intervenção.

O projeto-lei, elaborado pelos ministérios da Proteção dos Cidadãos e da Educação, e que deve ser votado na noite de quinta-feira no parlamento, prevê um corpo especial de cerca de 1.000 polícias para "garantir a segurança" nos estabelecimentos de ensino superior, e que segundo o Governo são palco frequente de violências.

Segundo a ministra da Educação, Niki Kerameos, a nova lei permitirá à polícia "salvaguardar" a liberdade académica e reforçar a segurança sem terem de atuar sob a autorização do reitor de cada universidade.

As associações de pais também criticaram a proposta de reforma que implicará custos adicionais, pelo facto de terem de pagar segundas matrículas, aulas suplementares e o eventual ingresso em universidades privadas, que muitos não podem assumir.

As associações estudantis referem-se a uma lei repressiva e autoritária que procura afastar os movimentos políticos das universidades.

Na perspetiva do Syriza, o principal partido de oposição de esquerda, esta medida é antidemocrática e suprime o estatuto de autogestão das universidades, pelo qual a polícia apenas é autorizada a intervir após um pedido da reitoria.

Alexis Tsipras, ex-primeiro-ministro do Governo do Syriza (2015-2019), acusou o executivo conservador dirigido por Kyriakos Mitsotakis -- que garante maioria no parlamento -- de ter "começado a perder por completo o controlo político e da pandemia", e de aplicar "métodos antidemocráticos".

Também criticou a ministra por ter preparado uma lei que resultará em menos 24.000 matrículas nas universidades, e num ano "em que o pensamento de todos está na pandemia, como vamos sair dela e como evitar que nos contagiemos".

A presença da polícia nas universidades, tradicionalmente muito politizadas, constitui uma questão delicada na Grécia e quando ainda permanece muito presente a sangrenta repressão pelo exército e polícia, em novembro de 1973, de um movimento estudantil da Escola Politécnica de Atenas em protesto contra a ditadura da Junta dos coronéis, na ocasião no poder.

Em caso de aprovação, será primeira vez desde a queda da ditadura em 1974 que forças policiais regressam às universidades gregas.

A Grécia permanece sob confinamento desde 07 de novembro e a partir de quinta-feira vão ser adotadas medidas mais restritivas após um recente aumento dos casos de coronavírus, particularmente em Atenas.

Assim, apenas vai permanecer aberto o comércio essencial, enquanto as escolas e igrejas voltam a encerrar, pelo menos até 28 de fevereiro.

Leia Também: Covid-19: Israel e Grécia concluem acordo para os seus turistas vacinados

Recomendados para si

;
Campo obrigatório