'Justiça por Julia': O caso de abuso sexual que está a indignar Paris
Jovem alega que foi sexualmente abusada por 20 bombeiros, entre os seus 13 e 15 anos, em Paris.
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Mundo Protestos
França está indignada. Um bombeiro acusado de violar uma jovem de 13 anos escapou à Justiça e não será acusado de violação, uma decisão que está a revoltar o país.
O caso remonta há vários anos mas está a marcar a atualidade francesa tendo já dado origem ao movimento 'Justiça por Julia'.
Julia [nome fictício] tem hoje 25 anos e alega que foi sexualmente abusada por 20 homens do Corpo de Bombeiros de Paris.
Tudo começou quando a jovem se sentiu mal durante uma aula e teve de ser assistida por um bombeiro de nome Pierre. Este terá pedido os dados de contacto da jovem e dias depois começou a abordá-la através de mensagens e chamadas. Os contactos rapidamente assumiram teor sexual, tendo o bombeiro aproveitado a inocência da jovem, que sofria de ansiedade.
Após várias mensagens, a jovem ter-se-á despido para o homem numa videochamada e rapidamente o seu contacto passou para outros membros desta mesma corporação. Assustada, a jovem sujeitou-se durante os dois anos seguintes aos abusos dos 20 homens.
Segundo denuncia, o estado de ansiedade em que vivia agravou-se, e os ataques de que sofria passaram a ser constantes. Significa isto que de cada vez que a jovem precisava de assistência, esta acabava por ser vítima de algum tipo de abuso. Tudo isto acontecia com a mãe a acreditar que as intenções dos bombeiros eram as melhores e chegando mesmo a agradecer-lhes a atenção especial que tinham para com a sua filha.
Segundo reporta o Le Parisien, os bombeiros em causa terão visitado a sua casa durante 130 vezes ao longo dos dois anos. Três dos homens acusados admitiram ter feito sexo com Julie, mas afirmam que os atos foram consensuais.
Bravo @Femen_France ! @Sofiasept @corinne_leriche#JusticePourJulie https://t.co/is0DWzqBFU
— Agnès Setton (@DreSetton) February 6, 2021
Em França, não existe uma idade mínima legal para relações sexuais, pelo que o caso teima em se resolver, dado que quem mantenha relações sexuais com menores não é imediatamente acusado de abuso sexual. Para que isso aconteça, explica a imprensa, é preciso provar-se que o sexo não foi consentido
Assim, o juiz nomeado para investigar os três homens em março de 2011, decidiu retirar, oito anos depois, as acusações de abuso sexual, substituindo-as por "sexo com penetração consensual com menor de 15 anos".
Contra esta decisão, centenas de pessoas, maioritariamente mulheres, saíram à rua em protesto.
A advogada de defesa, Marjolaine Vignola, considera que todos os estereótipos dos casos de abuso podem ser encontrados nesta história: "O juiz e os psiquiatras dizem que a Julie é uma mentirosa, que consentiu ter sexo com todos aqueles homens e que está a inventar que foi abusada por que tem vergonha [do que fez]".
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