Mamadi Condé, aliás 'Madic 100 Frontière', membro do principal partido da oposição, que já vivia principalmente no Canadá, segundo um dos seus advogados, terá de pagar uma multa de 100 milhões de francos guineenses (cerca de 8.000 euros) pelas mensagens que escreveu nas redes sociais, que as autoridades consideraram "racistas, xenófobas" e insultuosas.

Questionado sobre qual a acusação concreta ao seu cliente, um dos advogados do ativista, Pépé Antoine Lama, disse que esperava para ler a decisão do Tribunal para saber isso mesmo. 'Madic 100 Frontière' era "muito virulento" contra o Presidente e o Governo, acrescentou.

Na audiência, o procurador tinha invocado as acusações de 'Madic 100 Frontière' segundo as quais os fulani estavam a ser maltratados na Guiné, informou a imprensa. O Ministério Público exigiu 10 anos de prisão para o ativista.

Embora seja reconhecido que tem um papel nas eleições guineenses, o fator comunidade é uma questão sensível. A União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG), a que pertence 'Madic 100 Frontière', conquista uma grande parte do eleitorado fulani, enquanto o Rassemblement du Peuple de Guinée (RPG), do Presidente Condé, tem uma grande parte do eleitorado malinké.

Juntamente com os malinké, estima-se que os fulani representam mais de metade da população de 12 milhões de habitantes do país.

"['Madic 100 Frontière'] disse em voz alta o que muitas pessoas pensam em voz baixa", afirmou Lama, assegurando que os advogados iriam recorrer da decisão o tribunal.

'Madic 100 Frontière' tinha regressado à Guiné para participar na campanha de Cellou Dalein Diallo, líder da UFDG, para as eleições presidenciais de 18 de outubro no país, nas quais Condé, o Presidente em exercício, com 82 anos, foi declarado vencedor na primeira volta pelo Tribunal Constitucional. O seu adversário diz que as eleições foram uma fraude.

A Guiné tem sido palco há meses de manifestações de protesto contra um terceiro mandato de Condé. O protesto, que foi brutalmente reprimido várias vezes, provocou dezenas de mortes desde outubro de 2019.

As autoridades guineenses efetuaram centenas de detenções relacionadas com as eleições presidenciais, segundo os defensores dos direitos humanos. Vários membros da oposição foram condenados a penas de prisão.

'Madic 100 Frontière' foi detido no final de outubro quando procurava deixar o país através da Serra Leoa, segundo o seu advogado Lama.