Mitsotakis e Anastasiadis reuniram-se hoje em Nicósia para coordenar a estratégia sobre a conferência de março impulsionada pela ONU para relançar as conversações de paz na ilha dividida, e insistiam para que os cipriotas turcos prescindam da exigência sobre a formação de dois Estados independente em Chipre como única solução para a resolução do prolongado conflito.

"Pretendemos que a Turquia demonstre na prática que pretende um diálogo sem ameaças e ações ilegais", assinalou Anastasiadis.

Em consonância, Mitsotakis insistiu que a reunificação da ilha apenas será possível "no quadro das resoluções da ONU para garantir a coexistência pacífica de cipriotas gregos e cipriotas turcos num Chipre reunificado e pacífico".

Na conferência, e para além da presença da ONU e das comunidades cipriotas grega e turca, também participam a Grécia, Turquia e Reino Unido, na qualidade de potências garantes da independência de Chipre, concretizada em 1960.

No verão de 1974, e em resposta um fracassado golpe de Estado de ultranacionalistas cipriotas gregos que pretendiam a união da ilha à Grécia, a Turquia invadiu a parte norte de Chipre e mantém cerca de 35.000 soldados na autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN (37% do território e apenas reconhecida por Ancara).

De acordo com as resoluções da ONU, a base das negociações para garantir a reunificação de Chipre consiste na formação de um Estado federal, bizonal e bicomunal, provenientes de duas entidades constituintes --cipriota grega e cipriota turca -- com uma única soberania, cidadania e personalidade jurídica internacional.

No entanto, o líder cipriota turco, Ersin Tatar, em consonância com a liderança de Ancara, têm argumentado que as numerosas tentativas fracassadas para garantir uma solução federal demonstram que as negociações devem apontar para a criação de dois Estados, uma solução liminarmente rejeitada pela Grécia e a República de Chipre, a "parte grega" da ilha e internacionalmente reconhecida.

"Não existe necessidade de negociar algo que não vai ocorrer", afirmou recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia, Mevlut Çavusoglu.

Em simultâneo, Tatar e a Turquia insistem na necessidade em manter a presença militar turca em Chipre para garantir a segurança dos cipriotas turcos.

Anastasiadis também anunciou hoje uma reunião ministerial com a participação dos países da região sobre a segurança no Mediterrâneo oriental, foco de tensões nos últimos meses com a Turquia em torno das zonas marítimas e a exploração de hidrocarbonetos, mas sem fornecer mais detalhes.

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