China ameaça retaliar decisão britânica de revogar licença à TV estatal
A China ameaçou hoje retaliar a decisão do Reino Unido de revogar a licença de transmissão da televisão estatal chinesa CGTN, pelo seu envolvimento em confissões forçadas em casos políticos no país asiático.
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Mundo China
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, disse aos jornalistas que o regulador dos órgãos de imprensa britânico, Ofcom, agiu com base em "preconceitos ideológicos, politizando questões técnicas, que prejudicam seriamente a sobrevivência da imprensa chinesa e interferem gravemente nos intercâmbios entre os dois países".
"Instamos o Reino Unido a parar imediatamente com a manipulação política e a corrigir os seus erros", afirmou Wang.
"A China reserva-se ao direito de dar a resposta necessária para salvaguardar os direitos e interesses legítimos da imprensa chinesa", defendeu, em conferência de imprensa.
A CGTN estava disponível na televisão gratuita e paga no Reino Unido.
O regulador da imprensa britânico Ofcom começou a investigar o canal depois de várias pessoas terem apresentado queixa, devido à exibição de confissões forçadas, que violam as regras de justiça e objetividade.
Uma das confissões envolveu o antigo funcionário do Consulado Britânico em Hong Kong que afirma ter sido detido e torturado pela polícia chinesa à procura de informações sobre os manifestantes na antiga colónia britânica.
Outro caso envolveu um investigador corporativo britânico que disse ter sido forçado a confessar durante a sua detenção na China.
O regulador disse ainda ter apurado que a entidade que detinha a licença do canal, a Star China Media Limited, não tinha responsabilidade editorial pela produção da CGTN, que é um requisito para obter licenciamento.
Um pedido de transferência da licença para a China Global Television Network Corporation (CGTNC) foi rejeitado porque faltavam "informações cruciais", disse o Ofcom.
"Consideramos que o CGTNC seria desqualificado de deter uma licença, já que é controlado por um órgão que é controlado pelo Partido Comunista Chinês", justificou ainda.
O regulador disse que deu à CGTN "tempo significativo" para cumprir com os requisitos.
"Após cuidadosa consideração, levando em consideração todos os factos e os direitos da emissora e do público à liberdade de expressão, decidimos que é apropriado revogar a licença da CGTN para transmitir no Reino Unido", justificou.
A decisão do Ofcom aumenta a tensão entre o Reino Unido e a China, já em alta devido aos esforços do Reino Unido para abordar as alegações de abusos dos direitos humanos contra a minoria uigur, na região chinesa de Xinjiang, e a imposição de uma lei de segurança nacional em Hong Kong.
Wang não deu detalhes sobre como a China retaliaria, mas a British Broadcasting Corp., que só está disponível em alguns hotéis, empresas e complexos residenciais para estrangeiros na China, pode ser um alvo.
Em defesa da CGTN, Wang disse que os britânicos sabiam dos laços da televisão estatal com o Partido Comunista e acusaram Londres de padrões duplos na regulação dos órgãos de imprensa.
Wang disse que a CGTN sempre aderiu aos regulamentos e defendeu os princípios de "objetividade, imparcialidade, veracidade e precisão nas reportagens".
"A China é um país socialista liderado pelo Partido Comunista. O lado britânico está bem ciente da natureza da imprensa chinesa", apontou.
"O lado britânico sabia disso claramente desde o primeiro dia em que a CGTN foi transmitida no Reino Unido, há 18 anos. O fato de o Reino Unido agora abordar a natureza da imprensa chinesa e obstruir a CGTN de transmitir no país é pura manipulação política", acrescentou.
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