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China ameaça retaliar decisão britânica de revogar licença à TV estatal

A China ameaçou hoje retaliar a decisão do Reino Unido de revogar a licença de transmissão da televisão estatal chinesa CGTN, pelo seu envolvimento em confissões forçadas em casos políticos no país asiático.

China ameaça retaliar decisão britânica de revogar licença à TV estatal
Notícias ao Minuto

11:37 - 05/02/21 por Lusa

Mundo China

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Wang Wenbin, disse aos jornalistas que o regulador dos órgãos de imprensa britânico, Ofcom, agiu com base em "preconceitos ideológicos, politizando questões técnicas, que prejudicam seriamente a sobrevivência da imprensa chinesa e interferem gravemente nos intercâmbios entre os dois países".

"Instamos o Reino Unido a parar imediatamente com a manipulação política e a corrigir os seus erros", afirmou Wang.

"A China reserva-se ao direito de dar a resposta necessária para salvaguardar os direitos e interesses legítimos da imprensa chinesa", defendeu, em conferência de imprensa.

A CGTN estava disponível na televisão gratuita e paga no Reino Unido.

O regulador da imprensa britânico Ofcom começou a investigar o canal depois de várias pessoas terem apresentado queixa, devido à exibição de confissões forçadas, que violam as regras de justiça e objetividade.

Uma das confissões envolveu o antigo funcionário do Consulado Britânico em Hong Kong que afirma ter sido detido e torturado pela polícia chinesa à procura de informações sobre os manifestantes na antiga colónia britânica.

Outro caso envolveu um investigador corporativo britânico que disse ter sido forçado a confessar durante a sua detenção na China.

O regulador disse ainda ter apurado que a entidade que detinha a licença do canal, a Star China Media Limited, não tinha responsabilidade editorial pela produção da CGTN, que é um requisito para obter licenciamento.

Um pedido de transferência da licença para a China Global Television Network Corporation (CGTNC) foi rejeitado porque faltavam "informações cruciais", disse o Ofcom.

"Consideramos que o CGTNC seria desqualificado de deter uma licença, já que é controlado por um órgão que é controlado pelo Partido Comunista Chinês", justificou ainda.

O regulador disse que deu à CGTN "tempo significativo" para cumprir com os requisitos.

"Após cuidadosa consideração, levando em consideração todos os factos e os direitos da emissora e do público à liberdade de expressão, decidimos que é apropriado revogar a licença da CGTN para transmitir no Reino Unido", justificou.

A decisão do Ofcom aumenta a tensão entre o Reino Unido e a China, já em alta devido aos esforços do Reino Unido para abordar as alegações de abusos dos direitos humanos contra a minoria uigur, na região chinesa de Xinjiang, e a imposição de uma lei de segurança nacional em Hong Kong.

Wang não deu detalhes sobre como a China retaliaria, mas a British Broadcasting Corp., que só está disponível em alguns hotéis, empresas e complexos residenciais para estrangeiros na China, pode ser um alvo.

Em defesa da CGTN, Wang disse que os britânicos sabiam dos laços da televisão estatal com o Partido Comunista e acusaram Londres de padrões duplos na regulação dos órgãos de imprensa.

Wang disse que a CGTN sempre aderiu aos regulamentos e defendeu os princípios de "objetividade, imparcialidade, veracidade e precisão nas reportagens".

"A China é um país socialista liderado pelo Partido Comunista. O lado britânico está bem ciente da natureza da imprensa chinesa", apontou.

"O lado britânico sabia disso claramente desde o primeiro dia em que a CGTN foi transmitida no Reino Unido, há 18 anos. O fato de o Reino Unido agora abordar a natureza da imprensa chinesa e obstruir a CGTN de transmitir no país é pura manipulação política", acrescentou.

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