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Academia espanhola rejeita urbanização no Douro e apela à UNESCO

A Real Academia de Belas Artes de San Fernando, em Espanha, rejeitou a construção de 1.363 casas em Sória, nas margens do rio Douro, e pediu ajuda à UNESCO e ao Ministério da Cultura para travar o projeto.

Academia espanhola rejeita urbanização no Douro e apela à UNESCO
Notícias ao Minuto

15:52 - 29/01/21 por Lusa

Mundo UNESCO

A informação foi enviada pela academia ao Centro de Estudos Sorianos (CES), que tinha pedido parecer sobre um projeto de construção de uma urbanização com um total de 1.363 vivendas no Cerro de los Moros, no sopé do castelo de Sória, na comunidade de Castela e Leão, com os respetivos acessos.

De acordo com uma ata de novembro do ano passado da Comissão de Monumentos e Património Histórico (CMPH) da Academia Real de Belas Artes de San Fernando, um desses acessos "afeta diretamente uma área de particular relevância do ponto de vista paisagístico, sem esquecer outros não menos notáveis de caráter histórico, arqueológico e literário".

A CMPH, que tem como função zelar pela proteção, conservação e enriquecimento do património histórico, natural e cultural de Espanha, entendeu que o projeto, apresentado à Câmara Municipal de Sória por um promotor imobiliário, afeta "muito negativamente" esta paisagem natural "de profunda carga literária", cantada pelo poeta espanhol Antonio Machado, como recordou o El País num trabalho publicado hoje.

A Academia Real de San Fernando tem tido historicamente uma presença ativa em Sória, com a sua posição contra a construção do desvio sul, expressa nos anos 1980 do século passado, e serviu para impedir o tráfego rodoviário de atravessar a margem direita do rio Douro.

"A zona a que nos referimos está situada na margem direita do rio Douro, que a nossa academia defendeu face à pretensão de conduzir por ali a estrada de circunvalação de Sória, há quarenta anos, e que agora se vê de novo seriamente ameaçada", assinala no relatório.

Relativamente à fauna, os membros da academia sublinham que o rio Douro, na sua passagem por Sória, está dentro da Zona Especial de Conservação (ZEC), no catálogo de zonas protegidas da União Europeia e, como tal, na Rede Natura 2000.

"Por estas e outras razões de tipo arqueológico, histórico ou literário que se poderia acrescentar" a academia demonstrou o seu desacordo face ao projeto urbanístico - cujo terreno foi modificado em 2006 pelo Plano Diretor Municipal de Sória, convertendo aquilo que até então tinha sido terreno rústico em terreno urbanizável - e encaminhou o seu parecer para o Ministério da Cultura e Desporto e para a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), através da secção espanhola do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS).

Também em Portugal, um projeto de construção de uma unidade hoteleira em Mesão Frio, Vila Real, também motivou uma tomada de posição por parte da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial (LADPM), que alertou para o risco deste projeto.

Em causa está a construção de um hotel de cinco estrelas no lugar da Rede, concelho de mesão Frio, distrito de Vila Real, que a Comissão Nacional da UNESCO (CNU), acompanhada do parecer técnico do ICOMOS, considera que vai colocar a paisagem do Douro vinhateiro na lista dos bens classificados em perigo, "abrindo caminho para uma futura exclusão da lista de património mundial".

O presidente da liga, António Filipe, lembrou que "na base da atribuição do estatuto de património mundial está o cruzamento feliz entre a natureza e a vontade do homem".

Entretanto, a promotora do projeto, a Douro Marina Hotel, sociedade do empresário Mário Ferreira, reagiu, afirmando ser "falsa e leviana" a acusação de que a unidade hoteleira que pretende construir em Mesão Frio coloque em causa o estatuto do Douro como património mundial.

"Em momento algum o parecer técnico consultivo elaborado pelo ICOMOS, a pedido da UNESCO, menciona, ameaça, ou aponta como uma consequência direta, ou indireta, da concretização do projeto Douro Marina Hotel, a perda de estatuto de Património da Humanidade à região do Alto Douro Vinhateiro", respondeu.

O empreendimento turístico em causa irá possuir uma área total de cerca de 23.100 metros quadrados, dos quais 8.497 metros quadrados serão destinados à área de implantação do hotel, que terá 180 unidades de alojamento, das quais 12 correspondem a suites e três serão adaptadas para pessoas com mobilidade condicionada, sendo que a estes acrescem mais 13 quartos para alojamento do pessoal.

A restante área, com 14.603 metros quadrados, corresponde aos espaços exteriores, que se desenvolvem em torno do edifício, e será reservada à implementação de espaços verdes, áreas de lazer, acessos e parqueamento automóvel.

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