Sergio Mattarella reuniu-se em Roma com os porta-vozes das duas casas do parlamento no primeiro dia de reuniões.

"Estamos todos a trabalhar para o bem do país", afirmou Roberto Fico, presidente da câmara baixa e membro do Movimento 5 Estrelas (M5S), formação que integra a coligação governamental liderada por Conte.

As conversas mais críticas estão agendadas para quinta-feira, quando Mattarella receber o antigo primeiro-ministro Matteo Renzi -- que lidera o partido Itália Viva, que desencadeou a crise ao retirar-se da coligação governamental -- e sexta-feira, quando se encontrar com os três líderes da oposição de direita que pretendem eleições antecipadas.

Na quinta-feira, Mattarella encontra-se também com o Partido Democrático (PD) e na sexta-feira com o M5S, os dois membros mais importantes da coligação, que continuam a apoiar Conte.

"Estamos perante uma passagem muito estreita", afirmou aos jornalistas o líder do PD, Nicola Zingaretti, que chamou "irresponsável" a Renzi por abrir uma crise política durante a pandemia de covid-19 e os problemas económicos e sociais resultantes da mesma.

A justificação de Renzi para retirar o apoio do seu partido a Conte foi feita num vídeo que publicou na rede social Facebook.

"É exatamente agora que o futuro do país está em jogo. Ou resolvemos as questões em aberto agora, ou condenamos os nossos filhos e netos a viver em declínio total", declarou.

Hoje, legisladores independentes formaram um novo grupo parlamentar, apelidado de Europeístas, que prometeu o apoio a Conte, mas o seu número não é ainda suficiente para que possa garantir uma maioria segura depois de Renzi ter retirado o apoio do Itália Viva.

Conte tem trabalhado para conseguir o apoio de legisladores independentes e membros da direita com mentalidade independente, particularmente a Forza Itália, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Se falhar, Mattarella pode procurar um outro político da mesma coligação para tentar formar governo. A maioria dos analistas políticos acredita que novas eleições são apenas uma possibilidade remota, tanto devido à pandemia como ao receio dos partidos governantes de potenciais ganhos da direita nas urnas.

Conte é o primeiro-ministro desde que as eleições de 2018 levaram a um governo de coligação entre o M5S e a Liga, de extrema-direita, que caiu quando o líder da Liga, Matteo Salvini, fez uma tentativa fracassada de tomada de poder e Conte conseguiu formar um segundo governo com o PD, de esquerda.

Renzi estabeleceu Conte como alvo pela sua gestão da crise do novo coronavírus, nomeadamente devido a uma falha repetida em consultar o parlamento sobre as medidas e uma ação para assumir o controlo total de distribuição de milhares de milhões de euros em fundos de recuperação da União Europeia, a chave para relançar a economia italiana devastada pela pandemia.

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