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Alemanha relembra no parlamento libertação de Auschwitz

O parlamento alemão assinalou hoje o 76.º aniversário da libertação, pelo exército soviético, do campo de concentração de Auschwitz, construído pelo regime nazi na Polónia ocupada, numa sessão especial dedicada a homenagear as vítimas do holocausto.

Alemanha relembra no parlamento libertação de Auschwitz
Notícias ao Minuto

15:30 - 27/01/21 por Lusa

Mundo Alemanha

Na sessão, por ocasião do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, os deputados alemães ouviram o testemunho de uma sobrevivente, Charlotte Knobloch, 88 anos, e de uma jovem imigrante judia, Marina Weisband, sobre como as suas vidas na Alemanha continuam longe de ser normais

Os testemunhos lembraram que já passaram quase oito décadas depois de o regime nazi ter assassinado cerca de seis milhões de judeus europeus durante a 'shoá' ("holocausto").

Knobloch, presidente da Comunidade Judaica de Munique (sul da Alemanha), contou como foi a sua vida enquanto jovem que teve de se esconder do regime nazi sob falsa identidade.

"Perdi a minha terra, lutei por ela e reclamei-a. Hoje, estou aqui perante vós como uma alemã orgulhosa", afirmou Knobloch, alertando, porém, para as fragilidades da democracia e pedindo aos deputados para proteger as conquistas dos judeus e não judeus nas últimas décadas e defender a Alemanha contra o extremismo.

"Peço-vos, por favor, tomem conta do nosso país", solicitou.

Tanto Knobolch como Weisband alertaram para os perigos do ressurgimento do antissemitismo na Alemanha, em particular para as falsas alegações de responsabilidade judaica pela pandemia de covid-19 que abundam nas redes sociais e em protestos contra o Governo.

"Ainda é difícil para nós sermos vistos como judeus na Alemanha", lamentou Weisband, que emigrou da Ucrânia em criança, descrevendo como os membros da comunidade judaica estão sob constante proteção da polícia quando se deslocam às sinagogas, à escola e mesmo a instituições universitárias.

Weisband, porém, expressou esperança na ideia de que, um dia, a vida dos judeus na Alemanha "volte a ser normal" para que possam desfrutar da vida como "meros seres humanos".

Após os discursos no parlamento, vários altos funcionários do Governo alemão testemunharam na Sala de Oração do Parlamento a um rabino a dar os últimos retoques num rolo da Tora cuidadosamente restaurado.

Na presença do Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e da chanceler Angela Merkel, entre outras personalidades, o rabino Shaul Nekrich escreveu as últimas 12 cartas do rolo da Tora Sulzbacher, um dos mais antigos rolos da Tora da Alemanha.

A Tora foi criada em 1792 na Baviera e sobreviveu a um incêndio na cidade em Sulzbach, em 1822, e à chamada "Noite de Vidro Quebrado", em 1938, quando o regime nazi destruiu sinagogas e assassinaram judeus em todo o país.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o rolo da Tora passou despercebido por cerca de 70 anos no santuário da sinagoga de Amberg, na Baviera, até ser redescoberto em 2013.

As letras desbotadas e a pele de animal da Tora foram cuidadosamente restauradas, numa operação orçada em cerca de 45.000 euros com fundos federais alemães em Israel.

A Tora será usada, a partir de agora, em serviços na comunidade judaica de Amberg.

O nacional-socialismo, implantado na Alemanha em 1933 na sequência da ascensão, com o apoio das elites alemãs, de Adolf Hitler ao poder, estabeleceu gradualmente um regime totalitário, onde judeus, opositores políticos e outros elementos vistos como "indesejáveis" foram marginalizados, escravizados, presos e assassinados.

Mais de um milhão de crianças, dois milhões de mulheres e três milhões de homens judeus morreram durante esse período, genocídio que só terminaria com a derrota alemã na II Guerra Mundial, em 1945.

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