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Partido Comunista do Vietname inicia congresso para definir lideranças

O congresso do Partido Comunista do Vietname começou hoje para renovar a liderança e definir orientações para os próximos cinco anos, num cenário de crescente repressão da oposição e tensões com Estados Unidos e China.

Partido Comunista do Vietname inicia congresso para definir lideranças
Notícias ao Minuto

06:47 - 25/01/21 por Lusa

Mundo Vietname

Reunidos até 02 de fevereiro sob os grandes retratos de Ho Chi Minh, Marx e Lenine, 1.600 delegados vão escolher o secretário-geral do Partido Comunista do Vietname (PCV), o Presidente, o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia Nacional, os quatro pilares do regime comunista.

Em princípio, tudo estará já decidido, mas num país onde os meios de comunicação social são inteiramente controlados pelo PCV, no poder desde o fim da Guerra do Vietname em 1975, o público em geral não tem acesso às negociações.

Os analistas disseram apostar na continuidade, ao contrário do último congresso em 2016, durante o qual se assistiu ao confronto entre conservadores e reformadores.

Nguyen Phu Trong, de 76 anos, um conservador pró-Pequim, poderá cumprir um terceiro mandato como secretário-geral e continuar a campanha anticorrupção que lhe permitiu 'limpar' as fileiras do partido, do exército e da polícia.

Por outro lado, Nguyen Phu Trong deverá renunciar ao cargo de Presidente a favor do atual primeiro-ministro, Nguyen Xuan Phuc, de 66 anos, saudado pela gestão da pandemia da covid-19 e pelo historial económico.

Nos meses que antecedem o congresso, as autoridades têm o hábito de intensificar a repressão. Este 13.º congresso não é uma exceção à regra.

No início de janeiro, três jornalistas foram condenados a 11 a 15 anos de prisão por terem criticado o regime.

O número de presos políticos duplicou desde 2016, passando de 84 para 170, de acordo com a Amnistia Internacional.

"O país abre-se cada vez mais ao comércio mundial, mas as portas das prisões fecham-se a um número cada vez maior de cidadãos pacíficos", disse a diretora regional do programa Ásia-Pacífico daquela organização não-governamental, Yamini Mishra.

Segundo o antigo advogado de direitos humanos Le Cong Dinh, a inação e o silêncio da comunidade internacional está a encorajar o regime a aumentar a repressão.

As perspetivas económicas vão também estar no centro dos debates do congresso.

O país registou um crescimento de 2,9% em 2020, o mais baixo em duas décadas, mas este desempenho permanece muito sólido face a uma economia mundial em plena recessão com a crise do coronavírus.

As quarentenas em massa, o rastreio em grande escala e o controlo rigoroso dos movimentos permitiram ao Vietname controlar a pandemia (menos de 1.600 casos e 35 mortes registadas) e manter as fábricas abertas a maior parte do tempo.

O país também beneficiou da guerra comercial EUA/China, que redirecionou o comércio global, e está a tornar-se um importante centro tecnológico.

Contudo, o país precisa ainda de equilibrar as relações com Pequim e Washington, num cenário de tensões com as duas grandes potências.

Os Estados Unidos acusaram recentemente o Vietname de desvalorizar deliberadamente a moeda (dong) em relação ao dólar para obter uma vantagem comercial injusta. Washington ainda não impôs quaisquer sanções.

Do lado chinês, o Vietname permanece altamente dependente da China, a maior fonte de materiais e equipamento para a próspera indústria de fabrico.

Mas há muitos desacordos sobre o mar do Sul da China, com Pequim a acentuar as reivindicações sobre esta área estratégica através da mobilização de navios de guerra e da criação de postos avançados, o que desagrada a Hanói, que reivindica parte dele.

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