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Capital do Brasil vive ambiente de esperança após início da vacinação

O dia começou cedo para Ana Paula Barbosa, que se prepara para mais um longo turno na linha da frente contra a covid-19 em Brasília, capital brasileira, mas, contrariamente aos meses anteriores, hoje trabalhará com esperança porque foi vacinada.

Capital do Brasil vive ambiente de esperança após início da vacinação
Notícias ao Minuto

09:20 - 23/01/21 por Lusa

Mundo Covid-19

"Esperança" foi mesmo a palavra mais usada pelos utentes do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), unidade de referência no tratamento da Covid-19 em Brasília, que ao longo da manhã de hoje falaram com a agência Lusa, mostrando-se confiantes em relação ao fim da pandemia, agora que a vacinação começou no Brasil, um dos países mais afetados em todo o mundo.

Ana Paula Barbosa, de 49 anos, foi a primeira fisioterapeuta imunizada em Brasília e espera que a vacina chegue rapidamente a toda a população.

"Além da gratidão de poder estar aqui hoje, viva e saudável para receber a vacina, coisa que muitos outros não tiveram como opção, eu sinto-me agradecida e esperançosa, mas desejo que essa vacina chegue a toda a população", disse a fisioterapeuta, lamentando as mais de 215 mil mortes e 8,7 milhões de casos de covid-19 no Brasil.

Contudo, e apesar de sentir um novo fôlego, Ana Paula garante que "nenhuma escola a preparou" para os longos e duros meses que antecederam o momento da vacinação, que levou o HRAN, um dos maiorias hospitais do Distrito Federal, a ficar totalmente ocupado exclusivamente com pacientes infetados pelo novo coronavírus.

A pandemia "começou lentamente, pelo desconhecimento do vírus. Achávamos que não seria possível um hospital tão grande, ter uma ocupação completa, mas isso aconteceu. Em meados de junho, julho, passamos situações muito difíceis, com o esgotamento de equipas, muitos pacientes, muitas mortes. Nenhuma escola preparou um profissional para isto", admitiu.

"A equipa continua hoje a enfrentar um novo momento, com um novo aumento dos casos, mas agora de uma forma diferente, com um pouco mais de experiência e com a esperança da vacina", frisou Ana Paula.

No momento em que a ciência é colocada em causa por alguns céticos, como o próprio Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, a fisioterapeuta acredita que a vacina deveria ser tomada por todos.

"Acreditando na ciência, nos investigadores, na certificação, eu acho que a vacina é válida e acredito que deveria ser tomada", concluiu a profissional de saúde.

Mas a aprovação da vacina não se fica só pelos profissionais de saúde, com vários utentes do HRAN a relatarem à Lusa que não vão hesitar quando chegar a sua vez de serem imunizados.

"Estou esperançosa, segura de que melhores tempos virão, para que possamos conviver em sociedade, em harmonia. Quando a vacina estiver disponível para mim, vou querer tomar. Lógico que com alguns receios, porque pertenço ao grupo de risco, porém, tenho esperança de que há muito mais benefícios do que qualquer malefício", disse a pedagoga Ludmila Almeida.

"Acredito que a vacina vá trazer uma melhoria. Se não for imediata, pelo menos vai acalmar um pouco as pessoas, elas vão estar mais confiantes de que a cura está próxima. Vou querer tomar a vacina, sou do grupo de risco e estou no terceiro grupo a receber a imunização", explicou por sua vez Maria Madalena, que se encontra aposentada.

Já o professor Luiz Junior admitiu ter plena confiança em qualquer um dos imunizantes aprovados no país, lamentando apenas a demora que a população em geral enfrentará para ser vacinada.

"A esperança é boa e bem-vinda, mas estamos preocupados com o período que pode levar até sermos vacinados, mas a confiabilidade na vacina é boa, superior a 50% (...) e acredito que será um bom imunizante. Vou querer tomar a vacina, sem receios. Qualquer uma que viesse, tendo esse grau de satisfação, eu tomaria", garantiu o docente.

A Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, através do Instituto Butantan, é o único imunizante a ser usado, atualmente, no Plano Nacional de Imunização do Brasil. Apesar de o antídoto da AstraZeneca/Oxford também ter sido aprovado no país, ainda não está pronto para ser aplicado.

Das seis milhões de doses da Coronavac que foram distribuídas por todo o país, à capital do Brasil chegaram cerca de 106 mil, que serão aplicadas em duas doses a 53.080 trabalhadores que estão no combate direto à pandemia, desde médicos a profissionais da limpeza, segundo explicou à Lusa o subsecretário de Assistência Integral à Saúde do Distrito Federal, Alexandre Garcia.

Questionado acerca da adesão dos profissionais de saúde à imunização, Alexandre Garcia garante que qualquer receio foi colocado de lado, o que se materializou "numa esmagadora maioria" a querer vacinar-se.

"Um estudo recente dizia que uma pequena percentagem de pessoas, quer do público, quer da área da saúde, estava com restrições para tomar a vacina, mas, na realidade, não foi isso que vimos. A procura é muito grande e está todo o mundo ansioso por tomar. Acredito que a esmagadora maioria dos funcionários está ávida por se imunizar", frisou o subsecretário.

"O embate político sempre existiu e sempre existirá, mas, quando a vacina chega, toda agente esquece da disputa política, de onde veio, de quem a fez...e toda a gente quer ser vacinada. Isso foi nítido para nós", avaliou Garcia, comentando a politização feita em torno do antídoto proveniente da China.

Apesar de a vacina ainda não estar disponível para toda a população brasiliense, o subsecretário garante que "todos serão vacinados" ainda este ano.

"Neste momento, está toda a gente ansiosa para tomar a vacina e existe um movimento muito grande de tristeza, de que grupos não serão alcançados. A mensagem que eu passo é que todos serão vacinados, só que cada um terá o seu momento adequado. Mas eu tenho a certeza de que este ano todos nós seremos vacinados", concluiu.

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