Jornalista que trabalhava para a Tigray TV foi morto a tiro
Um jornalista que trabalhava para a Tigray TV oficial foi morto a tiro em Mekele, a capital da região norte da Etiópia, palco de um recente conflito armado com o Governo federal, disseram hoje familiares da vítima.
© Getty Images
Mundo Etiópia
O corpo de Dawit Kebede Araya foi descoberto na quarta-feira de manhã no seu carro, estacionado a 100 metros da sua casa, ao lado do de um amigo, Bereket Berhe, um homem de negócios, disse um familiar do jornalista, à agência de notícias France-Presse, sob anonimato.
Este assassinato parece contradizer o regresso à normalidade em Tigray, que o Governo federal da Etiópia tem vindo a relatar, desde que conseguiu derrubar as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação de Tigray (TPLF), no final de novembro, após um mês de combates.
O partido que deteve o poder em Adis Abeba quase três décadas, o TPLF, desafia a autoridade do Governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed há vários meses.
Ahmed tinha gradualmente marginalizado o partido desde que se tornou primeiro-ministro do país, em 2018, na sequência de um desafio popular ao poder da minoria tigreiana (6% da população).
"Ouvimos tiros por volta das 20:00 de terça-feira, mas, devido ao recolher obrigatório, não nos atrevemos a sair para descobrir o que tinha acontecido", disse o familiar do jornalista.
Dawit e Bereket foram sepultados na quarta-feira à tarde.
Um colega de Dawit, que solicitou o anonimato por razões de segurança, disse que o jornalista chegou a estar preso durante o fim de semana, por motivos pouco claros.
Tanto o familiar como o colega de Dawit disseram acreditar que as forças de segurança do país foram responsáveis pelo assassinato do jornalista.
Dawit trabalhou para a Tigray TV antes de Abiy Ahmed - Prémio Nobel da Paz de 2019 - ter lançado uma ofensiva do Exército federal contra a TPLF, no início de novembro de 2020, mas não é claro que ainda lá estivesse empregado quando morreu.
A Tigray TV, televisão oficial das autoridades regionais do Tigray, anteriormente dirigida pela TPLF, é agora gerida pelas autoridades interinas, que estão baseadas em Adis Abeba desde a queda da liderança da TPLF.
Mulu Nega, chefe da administração interina, não respondeu a um pedido de comentários a esta situação por parte da agência noticiosa francesa.
O primeiro-ministro etíope declarou vitória em Tigray após o Exército federal ter tomado Mekele, no final de novembro, mas a liderança em fuga da TPLF diz querer continuar a lutar.
Embora o Governo etíope assegure que a situação em Tigray está a voltar ao normal, os poucos relatórios que chegam da região indicam que o conflito continua.
Os efeitos concretos do conflito no Tigray são ainda desconhecidos, mas os combates levaram dezenas de milhares de pessoas daquela região da Etiópia a procurar refúgio no Sudão.
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