Sudão aprova 1.º orçamento após ter sido retirado da lista negra dos EUA
O Sudão aprovou hoje o primeiro orçamento desde que o país foi retirado da lista negra dos Estados Unidos sobre os países que apoiam o terrorismo e que dá prioridade às regiões dilaceradas pela violência, indicou hoje o governo.
© Reuters
Mundo Sudão
"A reunião conjunta do Conselho Soberano e do governo aprovou o orçamento para o ano fiscal de 2021", refere o Conselho Soberano do Sudão em comunicado.
O ministro das Finanças, Hiba Ali, explicou que se trata do "primeiro orçamento (aprovado) desde a assinatura do acordo de paz de Juba (com os rebeldes) e da retirada do Sudão da lista negra norte-americana".
Desde a destituição pelo exército do presidente Omar al-Bashir pelo exército, em abril de 2019, sob a pressão de um movimento de contestação, o país conheceu uma difícil transição para as instituições civis.
O Sudão está também mergulhado numa grave crise económica, acentuada pela pandemia de covid-19, uma inflação galopante e uma dívida esmagadora.
O câmbio do dólar norte-americano é negociado a 55 libras sudanesas, mas o seu valor pode atingir as 270 libras sudanesas no mercado negro.
Em resultado de um acordo entre militares e líderes do movimento de protesto, o governo de transição, em vigor desde agosto de 2019, está a trabalhar para reconstruir a economia, que foi minada por décadas de pesadas sanções norte-americanas e por conflitos internos.
Em dezembro, os Estados Unidos retiraram o Sudão de sua lista de países que apoiam o terrorismo, o que é sinónimo de sanções e obstáculos ao investimento internacional.
"O Sudão vai aproveitar todas as oportunidades criadas com a sua retirada da lista (...) incluindo a abertura ao sistema financeiro internacional e a entrada de investimento estrangeiro", salientou o governante.
Além disso, as autoridades sudanesas esperam baixar a inflação, atualmente superior a 250%, para os 95% até o final deste ano.
O Sudão, por outro lado, alocou mais de 805 milhões de euros para "consolidar a paz e o processo de desenvolvimento das regiões marginalizadas e afetadas pelos conflitos", disse ainda o ministro, citado no comunicado.
Em outubro, o governo de transição assinou um acordo de paz com vários grupos rebeldes e neste orçamento destinou 1,4 mil milhões de euros para fortalecer o frágil sistema de saúde, com o objetivo de lutar contra a pandemia de covid-19.
Desde há dois meses que as farmácias e hospitais no Sudão enfrentam a falta de medicamentos.
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