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Migrantes no mundo chegam aos 281 milhões em ano de pandemia

Num mundo confrontado com a pandemia da covid-19, o número global de migrantes internacionais atingiu no ano passado os 281 milhões, avançou hoje um relatório da ONU, que também destacou as fortes repercussões desta crise sanitária na mobilidade humana.

Migrantes no mundo chegam aos 281 milhões em ano de pandemia
Notícias ao Minuto

17:00 - 15/01/21 por Lusa

Mundo Migrações

O número é avançado no relatório "International Migration 2020 Highlights" elaborado pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas (UN DESA, na sigla em inglês).

De acordo com o documento, o número de pessoas que vivem fora do seu país de nascimento ou de cidadania atingiu no ano passado os 281 milhões, contra os 173 milhões em 2000 e os 221 milhões em 2010.

"Como o número de migrantes internacionais cresceu mais rápido do que a população mundial, a percentagem de migrantes internacionais na população total aumentou de 2,8% em 2000 para 3,2% em 2010 e, em 2020, para 3,6%", referiu o relatório.

Um dado curioso focado no documento é que este grupo global de 281 milhões de migrantes é quase igual à população da Indonésia, o quarto país mais populoso do mundo.

Mas 2020 foi um ano atípico e que ficará para a História por causa da pandemia da doença covid-19 que afetou, segundo o UN DESA, "drasticamente todas as formas de mobilidade humana, incluindo a migração".

"Centenas de milhares de migrantes ficaram retidos, impedidos de regressar aos seus países, enquanto outros foram forçados a regressar aos seus países de origem mais cedo do que previsto, quando as oportunidades de emprego se esgotaram e as escolas encerram", lê-se no relatório, que lembrou, entre outros aspetos, que o mundo testemunhou, ao longo de 2020, o fecho de fronteiras e graves interrupções nas viagens internacionais.

De acordo com este departamento da ONU, dados preliminares indicam que as perturbações provocadas pela pandemia podem ter reduzido, em meados do ano passado, o número de migrantes internacionais em cerca de dois milhões a nível mundial, o que corresponde a um decréscimo de cerca de 27% no crescimento previsto entre julho de 2019 e junho de 2020.

Outras das fortes repercussões da pandemia será o recuo no fluxo de remessas dos migrantes para países de baixo e médio rendimento.

"Prevê-se que a pandemia provoque um declínio de 14% nos fluxos de remessas para países de baixo e médio rendimento até 2021, em comparação com os níveis pré-pandemia", apontou o documento, frisando que para muitos países esta redução "é suscetível de ter graves impactos financeiros e sociais que, juntamente com a contração de outros fluxos financeiros internacionais devido à pandemia, exigirá estratégias nacionais e de cooperação internacional para mitigar esses efeitos".

O relatório do UN DESA mencionou igualmente que os deslocamentos forçados através das fronteiras nacionais continuaram a aumentar em 2020, em conformidade com o cenário verificado ao longo das últimas duas décadas.

Entre 2000 e 2020, o número de pessoas deslocadas através das fronteiras internacionais enquanto fugiam de conflitos, perseguições, violência ou de violações dos direitos humanos duplicou de 17 milhões para 34 milhões, o que corresponde a cerca de 16% do aumento total verificado no número de migrantes internacionais em todo o mundo durante esse período.

"Em 2020, refugiados e requerentes de asilo representavam 12% do universo global de migrantes, contra os 9,5%" verificados no final da década de 1990, prosseguiu o documento.

No ano passado, a grande maioria (mais de 80%) dos refugiados do mundo foram acolhidos por países de baixo e médio rendimento.

"Os refugiados e requerentes de asilo representavam cerca de 3% de todos os migrantes internacionais em países de elevado rendimento, em comparação com 25% em países de rendimento médio e 50% em países de baixo rendimento", precisou o relatório.

No entanto, os números modificam-se quando a análise incide no estatuto de migrante internacional.

Segundo o UN DESA, em 2020, os migrantes internacionais representavam quase 15% da população total nos países de rendimento elevado e menos de 2% nos países de rendimento médio e baixo.

E este cenário é visível na lista de países que acolhem o maior número de migrantes internacionais.

No ano passado, dois terços de todos os migrantes internacionais viviam em apenas 20 países, destacando-se os Estados Unidos da América (que continuam a ser o destino preferencial com 51 milhões de migrantes, 18% do total mundial), a Alemanha (cerca de 16 milhões), a Arábia Saudita (13 milhões), a Rússia (12 milhões) e o Reino Unido (nove milhões).

Ainda na análise geográfica, o relatório destacou que a migração internacional ocorre frequentemente dentro das mesmas regiões e o ano de 2020 não foi exceção (quase metade dos migrantes residiam na região de onde eram oriundos).

Por exemplo, a Europa detém a maior percentagem de migração intra-regional, com 70% de todos os migrantes nascidos na Europa a residirem em outro país europeu.

O relatório traçou igualmente o perfil do migrante internacional em 2020, concluindo que as mulheres e as jovens representaram 48% desta comunidade, outra possível consequência da pandemia.

"O número de migrantes do sexo feminino excedeu ligeiramente o de migrantes do sexo masculino na Europa, América do Norte e na Oceânia, em parte devido à maior expectativa de vida das mulheres entre os migrantes de longo prazo e à crescente procura de mulheres migrantes para trabalhos relacionados com a área dos cuidados", indicou o documento, acrescentando que os migrantes internacionais tendem a concentrar-se em faixas etárias ativas.

No ano passado, 73% dos migrantes internacionais em todo o mundo tinham entre 20 e 64 anos de idade.

O departamento da ONU focou ainda a questão das políticas desenvolvidas pelos países para a promoção de "uma migração ordeira, segura, regular e responsável" e concluiu que, em termos globais, 54% dos 111 Governos inquiridos relataram ter medidas nesta matéria.

O UN DESA alertou, no entanto, que os domínios políticos que abrangem os "direitos dos migrantes" e o "bem-estar socioeconómico" foram aqueles que registaram os níveis mais baixos: 55% e 59%, respetivamente.

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